A escritora americana Saidiya Hartman foi o primeiro nome confirmado para a 20ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, a ser realizada entre os dias 23 e 27 de novembro. Professora da Universidade Columbia, em Nova York, e celebrada como uma das principais referências intelectuais da diáspora africana, Hartman se dedica a explorar o que chama de “sobrevida da escravidão.”
“Eu não preciso de um feriado nacional sobre a escravidão enquanto ainda estou sofrendo as suas consequências brutais. Que memória é essa que você quer celebrar?”, questionou ela em entrevista à Folha à época do lançamento de seu último romance, “Perder a Mãe”, no Brasil.
Em nota divulgada no último domingo, o diretor artístico da Flip, Mauro Munhoz, define Hartman como uma das autoras que “se recusam a usar definições fáceis de negritude”. Já uma das curadoras desta edição do evento, a professora da UFBA, a Universidade Federal da Bahia, Milena Brito, ressalta que a escrita de Hartman “costura linguagem e fatos históricos com uma criatividade impressionante, o que faz a sua obra ser um poderoso modo de ‘desabitar’ e ressignificar essas narrativas”.
Após duas edições remotas devido à pandemia da Covid-19, a Flip volta a ser presencial este ano. Ainda não foi divulgado o nome do autor homenageado desta edição. A curadoria é realizada de forma coletiva por um trio formado por Brito, a editora Fernanda Bastos, da Figura de Linguagem, casa gaúcha especializada em literatura negra, e o crítico literário e professor Pedro Meira Monteiro, da Universidade Princeton, nos Estados Unidos.