Seguranças do Carrefour espancam casal de negros na Bahia

Rede de supermercados é marcada por casos de racismo praticado por seguranças e funcionários, um deles causando a morte de João Alberto Silveira Freitas

FONTERede Brasil Atual
(SERGIO AVILA / AFP).

Um casal de negros foi espancado por seguranças dentro de uma unidade do Carrefour em Salvador, na Bahia, na sexta-feira (5). A sessão de tortura e xingamentos foi filmada e viralizou nas redes sociais. A Polícia Civil vai abrir inquérito para apurar o caso e a suspeita é de que os próprios agressores tenham publicado o vídeo nas redes sociais. Um dia depois, no sábado (6), outro caso de racismo na capital baiana ganhou as redes, desta vez denunciado pela designer de sobrancelhas Andresa Fonseca.

No Carrefour, as imagens mostram o casal rendido e tomando tapas na cara. Os agressores acusam ambos de furto de leite em pó. Sob intensa coação, a mulher afirma se chamar Jamile e justifica o suposto furto porque precisava levar leite para a filha. O espancador também diz: “Tá ligado que aqui tem polícia, né?”. O homem agredido identificou-se como Jeremias, é forçado a falar o nome da mãe e também apanha no rosto.

Useiro e vezeiro

O Carrefour emitiu nota lamentando o ocorrido, informando ter demitido os seguranças, cobrando apuração e afirmando que dará suporte para as vítimas. Não é a primeira vez em que seguranças da rede de supermercados são flagrados em casos de violência contra negros. Em novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas foi espancado até a morte por dois seguranças de uma loja na zona norte de Porto Alegre. Em março de 2023, Vinícius de Paula, marido da jogadora da seleção brasileira de vôlei Fabiana Claudino, denunciou racismo da loja de Alphaville, em São Paulo. Dias depois, a professora Isabel Oliveira ficou apenas com roupas íntimas em uma unidade de Curitiba do mercado Atacadão, empresa do grupo Carrefour, para denunciar racismo cometido por segurança.

‘Não gosto de gente escura’

Ainda em Salvador, mas no bairro de São Rafael, a designer de sobrancelhas Andresa Fonseca denunciou racismo sofrido em uma loja de conveniência. De acordo com o jornal A Tarde, uma mulher com um casaco camuflado, típico de militar, insulta Andresa afirmando não gostar “de gente escura que nem você. Eu não suporto”. A seguir, diz que “odeia pretos”. O caso também foi filmado e publicado nas redes sociais.

Para o A Tarde, Andresa afirmou que a agressora sentou perto dela e a mandou sair antes de verbalizar o racismo. A designer de sobrancelhas afirmou que ligou para a Polícia Militar, “mas eles falaram que nesse tipo de caso não mandam viatura e era para eu ir até uma delegacia registrar o B.O”. “A sensação foi de agressão e de rememorar tudo que nós pretos sofremos no dia a dia. Meu advogado está me orientando [do que fazer agora]”, finalizou Andressa, sempre de acordo com o jornal.

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