por: Solimar Carneiro –
Chorei quando estava apaixonada por ele: eu tinha 13 e ele 11, talvez… não sei e não importa.
Chorei no dia 25 de junho, quando ele se foi.
O que importa é que a minha primeira paixão foi Michael Jackson…
Como a maioria de seus fãs, não acredito que ele se foi.
A nossa diferença é de dois anos… Vou fazer 53… O tempo passa…
Chorei pela foto (histórica para mim) que pela primeira vez vi 5 pretinhos numa capa de revista. Não lembro qual era a revista e o que isso representava. Sabia, no meu íntimo que aquele menino me atraía. Não via o conjunto, só via aquele menino, tão próximo de mim, sem ver imagens, apenas fotos e que ele seria importante na minha vida.
Consegui ver vídeos de Michael (desculpe-me a intimidade) muito tempo depois, mas isso não fazia diferença. Eu tinha as fotos, que pregava na porta do armário coletivo, meu e de minhas irmãs e irmãos.
Ao longo dos anos tenho acompanho a carreira e críticas de meu Ídolo que têm pululado na mídia.
Vi o show do meu Ídolo no Morumbi. Chorei de novo e foi inesquecível.
Talvez o mais importante para mim seja pontuar a fase mais negra de Michael Jackson em que sua pele estava mais clara: seu tributo a James Brown, “Liberian Girl”, “Remember the time”, “We are the world”, “They don’t” care about us”, não necessariamente neste ordem de gravações. Além, é claro, do vídeo em que ele denuncia a exploração das gravadoras sobre os artistas negros. Histórico.
É isso que torna o meu Ídolo pertencente à minha comunidade. De onde ele nunca partiu.
Nada vai se repetir como em “Smooth Criminal”, em que um menino negro, de aproximadamente 5 anos de idade, repete, digamos, quase igual, os passos do meu Ídolo. Nada vai se repetir ao que jovens do mundo inteiro tentaram reproduzir os passos do meu Ídolo.
Talvez esses sejam os momentos em que meu Ídolo pôde responder à todas as atrocidades domésticas sofridas na infância e que não foi um privilégio dele.
Muitas de nossas crianças sofreram e sofrem exatamente as mesmas violências raciais (domésticas e externas) do que é ser negro no mundo. Sabemos tod@s o resultado que isso provoca.
Me orgulho de pertencer a uma geração que tem como seu principal ícone artístico Michael Jackson.
Recomendo a tod@s que vejam o Ensaio-Show que meu Ídolo nos deixou. É o legado de um Ídolo para seus fãs. É para sempre. Ele é único.