A partir dos 13 anos, Charli Darling sabia que era diferente dos outros meninos de sua idade.
Por Bruno Rizzato Do Jornal Ciencia
Em vez de suportar a vergonha de sua voz embargada, o adolescente enfrentou outra mudança completamente radical: ele começou a desenvolver seios femininos. Seus quadris também começaram a se desenvolver, tendo uma silhueta mais feminina, o que o fez pensar que era “uma aberração”.
Ele escondeu o corpo usando roupas largas nos cinco anos seguintes, lutando contra a aceitação de sua condição, tentando chegar a um acordo com as alterações ao seu corpo. Mas, aos 18 anos, os médicos revelaram que ele estava sofrendo da rara síndrome de Klinefelter, uma condição que significa que ele nasceu com um cromossomo feminino adicional.
genitais masculinos, seus pais o nomearam Charles, e criaram-no como um menino. Mas desde que assumiu sua nova identidade, e escolheu viver como uma mulher, ela agora atende pelo nome de Charli. Com 21 anos, ela foi obrigada a submeter-se a uma operação de redução de mama, para agradar os membros da família que queriam esconder seu segredo, por vergonha. Mas seus seios continuaram crescendo.
Hoje, aos 38 anos, Charli assumiu totalmente sua condição. “No começo foi tão confuso porque eu tinha crescido como um menino, mas eu me sentia como uma mulher, eu não sabia com quem eu poderia conversar”, revelou.
na Inglaterra, tinha 18 anos, saia de casa vestida como um menino, mas se transformava em uma menina no banheiro da estação de trem local. Ela disse que já havia sido diagnosticada com a síndrome de Klinefelter, o que lhe deu a confiança necessária para viver como uma mulher. “Eu não decidi ser uma mulher, eu virei uma naturalmente. Tudo por causa da síndrome de Klinefelter”, disse ela. “Agora estou muito mais forte como pessoa e aceitaram quem eu sou. Isso não é uma fase e eu não vou mudar”.
Charles descobriu pela primeira vez, após realizar exames de sangue, em 1995, que tinha um cromossomo X adicional, ao contrário de homens típicos que têm um cromossomo X e um Y. Apesar de enfrentar, durante sua vida, o preconceito de sua própria família, uma pessoa mudou sua vida. “Eu encontrei um hermafrodita, aos 21 anos, que me fez perceber que eu não era uma aberração e eu poderia viver com qualquer gênero que fizesse eu me sentir confortável”, relatou.
Uma década depois de sua cirurgia mamária inútil, Charli reconstruiu sua vida. Ainda este ano ela vai competir no concurso de beleza Miss Transgênero do Reino Unido. Ela quer aumentar a consciência sobre a síndrome de Klinefelter para garantir que ninguém mais tenha que passar pelo que ela passou. A condição é, por vezes, referida como interssexualidade, na qual um homem desenvolve seios e quadris, mesmo tendo um pênis e testículos.
Alison Pontes, presidente da Associação de Síndrome de Klinefelter (KSA), disse: “A condição persiste ao longo da vida desde a concepção e afeta 12 milhões de pessoas em todo o mundo. Infelizmente apenas 25% das pessoas com Klinefelter são diagnosticadas, com um exame de sangue que pode identificar o número, tamanho e forma dos cromossomos. O padrão de cromossomos para aqueles com a condição é XXY, tendo um cromossomo feminino extra. Embora os afetados identifiquem-se como ‘homens’, em sua maioria, alguns sentem que pertencem a outro grupo de gênero”.