Mulheres de várias idades e configurações familiares já enviaram seus vídeos falando sobre a experiência do aborto: entre elas, muitas já são idosas, eram mães quando escolheram abortar ou decidiram pela maternidade em outra situação após a realização do procedimento
Por Jarid Arraes
“Nós estamos aqui para que mulheres que fizeram um aborto saibam que são parte de uma comunidade. Nós não temos vergonha de nossas experiências; nós não somos anônimas; e nós não estamos sozinhas”. Assim começa a apresentação do site estadunidense “Not Alone”, que reúne vídeos e depoimentos de mulheres que já fizeram um aborto e desejam compartilhar essas vivências numa espécie de rede de apoio.
O projeto foi fundado por Sherry Matusoff Merfish e suas filhas Beth e Brett Matusoff Merfish no início de 2013, depois que Beth publicou, em sua coluna no jornal The New York Times, um relato sobre o aborto realizado por sua mãe. Por causa da grande quantidade de mensagens enviadas por mulheres de todo o mundo, também compartilhando seus casos, mãe e filhas entenderam que o silenciamento é um dos principais problemas enfrentados pelas mulheres que desejam interromper uma gestação.
No site, as mulheres que optaram por um aborto são convidadas a gravar vídeos individuais relatando seus casos, que devem ser publicados no Youtube e enviados por um formulário disponibilizado online. Para quem deseja menos exposição, também é possível enviar um depoimento por escrito. Além das instruções de compartilhamento, o projeto sugere perguntas a serem respondidas pelas voluntárias, como “você se sentiu sozinha?” e “que conselho você daria para uma mulher enfrentando uma gravidez indesejada?”.
O projeto ainda colabora com a organização Provide, que desenvolve trabalhos voltados para a saúde sexual e reprodutiva de mulheres nas áreas rurais dos EUA, oferecendo suporte e acesso ao aborto seguro. “Not Alone” faz doações para a instituição a cada vídeo publicado e oferece também uma lista de outras organizações confiáveis para quem busca ajuda.
Mulheres de várias idades e configurações familiares já enviaram seus vídeos falando sobre a experiência do aborto: entre elas, muitas já são idosas, eram mães quando escolheram abortar ou decidiram pela maternidade em outra situação após a realização do procedimento. Para as mulheres do “Not Alone”, o lema político é enfrentar o medo de falar e desconstruir estigmas.
Fonte: Revista Fórum