STF obriga Rio de Janeiro a criar plano de redução da letalidade policial

Supremo analisou recurso da ADPF das Favelas com 11 propostas para a redução da violência policial na região metropolitana do Rio de Janeiro

Helicóptero da polícia sobrevoa a favela da Rocinha (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

O STF (Supremo Tribunal Federal) aprovou nesta quinta-feira (03) proposta que obriga a criação de um plano de redução da letalidade policial em operações nas favelas fluminenses. O estado do Rio de Janeiro tem 90 dias para apresentar o documento.

Os votos foram apresentados durante a retomada da análise de um recurso da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635, conhecida como ADPF das Favelas. O julgamento havia sido adiado em dezembro de 2021. O plano deve ser composto por medidas objetivas, cronogramas e previsão dos recursos necessários para a sua implementação.

A ADPF das Favelas foi apresentada ao STF em 2019 pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) e conta com a participação de diversas entidades, movimentos e coletivos na linha de frente contra a letalidade policial.

Pontos de consenso 

Além da proposta que trata do plano de redução da letalidade policial, os ministros também aprovaram a criação de um Observatório Judicial da Polícia Cidadã, a prioridade para a investigação de operações com mortes de crianças e adolescente, a obrigatoriedade de ambulâncias onde houver confronto armado e reconhecimento que só se justifica o uso da força letal por agentes de Estado em casos extremos, sempre priorizando a proteção da vida. 

Pontos de divergência 

Das 11 propostas em análise, algumas gerara, discordância entre os ministros. São elas: instalar equipamentos de GPS e sistemas de gravação nas viaturas e nas fardas dos agentes, determinar ao Conselho Nacional do Ministério Público que avalie a eficiência e a eficácia da alteração promovida no GAESP do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e determinar que a investigação das alegações de descumprimento da decisão de limitar a realização de operações policiais seja feita pelo MPF. Existem votos divergentes ainda na proposta de determinar que até que o plano de redução da letalidade policial seja elaborado, o emprego e a fiscalização da legalidade do uso da força sejam feitos à luz dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo, um tratado da ONU. 

“Embora o STF não tenha acatado todos os nossos pedidos, é importante ressaltar que, por unanimidade, o STF obriga, entre outras coisas, o estado do Rio de Janeiro apresentar um plano de redução de letalidade policial, com medidas concretas, em até 90 dias. Esse plano, que deverá contar com a participação da sociedade civil e instituições públicas comprometidas com a promoção dos direitos humanos, poderá salvar vidas, especialmente negras e periféricas”, afirma Gabriel Sampaio, coordenador do programa de Enfrentamento à Violência Institucional da Conectas.

-+=
Sair da versão mobile
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.