Centenas de pessoas reuniram-se hoje (16) no bairro de Soweto, para relembrar a luta de jovens sul-africanos contra o apartheid, em um dos feriados mais importantes do calendário nacional, o Dia da Juventude.
Foram lembrados aqueles que arriscaram a vida no combate ao regime, como Hector Pieterson, jovem de 12 anos, morto por policiais ao participar de uma manifestação em protesto contra o ensino do africâner nas escolas do país.
Semelhante ao alemão, o africâner era falado por imigrantes brancos que colonizaram a África do Sul. O seu aprendizado era imposto à população sul-africana, o que acabou gerando uma série de protestos de estudantes do país na década de 70.
Pieterson morreu durante um desses protestos. Em 16 de junho de 1976, ele foi a primeira vítima de uma série ações policiais de repressão em Soweto. Além dele, morreram cerca de mil pessoas, quase todos negros.
Fotos de Pieterson sendo carregado por um colega logo depois de ter sido baleado por policiais viraram símbolo da resistência negra contra o apartheid. A morte do menino transformou-se em um marco na história sul-africana e, ainda hoje inspira cidadãos do país a reivindicar seus direitos.
“A morte de Pieterson é o início do fim do apartheid”, disse Ahmed Kathrada, um dos ativistas presos junto com Nelson Mandela, durante o regime discriminatório. “Depois da morte dele [Pieterson], os sul-africanos perderam o medo de lutar por seus direitos.”
Kathrada foi um dos políticos sul-africanos que acompanhou manifestações de jovens de Soweto em memória de Pieterson. Com danças e músicas de cunho político, esses jovens fecharam a rua que passa em frente ao local em que Pieterson está enterrado, hoje uma praça do bairro.
O presidente do Partido da Consciência Negra da África do Sul, Nchaupe Aubrey Mokoape, também participou das celebrações. Para ele, a lembrança de Pieterson e dos outros que morreram lutando contra o apartheid deveria servir de lição para que os sul-africanos combatam os problemas que atualmente afligem o país.
“Precisamos acabar com a corrupção, com as doenças que matam nosso povo, com a criminalidade e melhorar nossa educação. A lembrança do dia 16 de junho de 1976 tem que inspirar nosso povo a lutar pelo bem de todos”.
Fonte: Pernambuco