Natal da fome
Sou do tipo que ama Natal. Nos que passava sozinha com minha mãe, Dona Anna, sonhava com as mesas fartas das famílias numerosas nos anúncios de fim de ano. Por uma dúzia de anos recentes, realizei a fantasia. O núcleo modesto, nunca superior a quatro pessoas, foi multiplicado por dez em festança ecumênica batizada de Natal dos Desgarrados. Reunia, num agito de varar madrugada, amigos desacompanhados e arranjos familiares de todo tipo. Por causa da Covid-19, a décima terceira celebração não aconteceu como costumava. Éramos meia dúzia de mascarados irmanados ao restante da trupe, um discurso via internet com promessa de abraço presencial em 2021. Até lá, o compromisso é ficar vivo. Sou do tipo que adora presentear. A cada Natal, ninguém nunca saiu de casa com as mãos abanando. Havia sempre uma lembrança, mesmo para quem se achegava na última hora, conhecido ou não. Este ano, não teve festa ...
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