Taís Araújo revela: “Maternidade não me completa. Sou bem mais que isso”

Em entrevista à Marie Claire, a atriz Taís Araújo fala que teve medo de morrer no parto da filha Maria Antônia, diz que ficou arrasada por não poder amamentar a menina e destaca: “Trabalho para criar os filhos da melhor maneira e os crio da melhor maneira para poder trabalhar bem”

por Marina Caruso no Marie Claire

Taís Araújo brilha usando look Dior na piscina do hotel Hilton São Paulo Morumbi (Foto: Fabio Bartelt/Monster Photo)

São 10h30 da manhã de uma terça-feira nublada no Rio de Janeiro. Na casa onde vive com o marido, o ator Lázaro Ramos, e os filhos João Vicente, 5, e Maria Antônia, 2, Taís Araújo me recebe com um abraço afetuoso e o inconfundível perfume de um bolo recém-saído do forno. A pele, ainda sem maquiagem, tem um viço quase constrangedor. É linda e firme como a dona, que nem de longe aparenta ter 38 anos. A conversa começa com um belo café da manhã, divagações em torno da maternidade e uma aula sobre as novas formas de racismo. Só paramos de falar quando Maria Antônia, recém-chegada da natação, se aproxima com um livro nas mãos e pede: “Lê pá mim?”. A obra, Brasil: uma Biografia, de Lilia Schawrcz e Heloísa Starling, estava sobre a mesa de centro e impressiona ao levar ao passado perguntas do presente para explicar porque somos uma sociedade tão injusta. Ou seja, tem a cara de Taís. Não por acaso, a figura feminina mais admirada pelas jovens brasileiras, de acordo com um levantamento do Instituto Qualibest feito no fim do ano passado. Para entender como essa mulher com dezenas de novelas no currículo e mais de 4 milhões de seguidores no Instagram transita entre as posturas combativas do programa Saia Justa e o alto-astral da Michele, de Mister Brau – cuja terceira temporada termina este mês – , só mesmo passando 12 horas grudada nela. A seguir, os melhores trechos da conversa com a mais inspiradora das atrizes com quem conversei nos últimos tempos.

Taís Araújo usa cardigã e cinto Emporio Armani. Sutiã Intimissimi. Anel Pandora (Foto: Fabio Bartelt (Monster Photo))

Duas gestações
“Engravidar foi sempre um prazer. Na gestação do João eu parecia uma zen-budista. Na da Maria não, porque não me planejei. Estava gravando a novela Geração Brasil e usava DIU quando fui convidada para o filme O Roubo da Taça. Tirei o DIU, mas achei que fosse engravidar seis meses depois. Cara, rolou no mês seguinte. Daí, foi aquela situação horrorosa de dar a notícia para a turma da novela, do filme, mudar enredo… Enlouqueci. Mudei de casa e, dois meses depois, cismei que queria reformar de novo, fiz obra… Essas maluquices que as grávidas fazem.”

Duas Cesáreas
“Queria parto normal, mas, quando visitei uma maternidade na gravidez do João, fiquei com muito medo. Liguei para a minha irmã [Cláudia Araújo, 44], que é obstetra, e pedi para ela fazer meu parto. Era a única maneira de eu não pirar. Ela disse que faria com prazer, mas, como mora em Brasília, precisaria ser cesárea. Ou arriscar não tê-la no dia. Decidi marcar. Senti muita pressão por parte dos defensores do parto normal, mas minha escolha precisa ser respeitada. Isso não faz uma mulher mais mãe do que outra. Nas duas cesáreas, tive medo. Na da Maria, quando estava entrando no elevador para a sala de cirurgia, o João deu um grito: ‘Mãe! Não vai!’. E o medo de o moleque ficar sem mãe? Falei para o Lázaro: ‘Se eu morrer, deixa a minha mãe te ajudar com as crianças’. Ele respondeu: “Pelo amor de Deus, isso é hora de falar uma coisa dessas?’”.

Dois abortos
“Sofri duas perdas espontâneas. A primeira de um nenê que seria gêmeo do João, mas não vingou. Com dois meses, descobri que ele não tinha batimentos cardíacos. Felizmente o corpo reabsorveu o feto e não foi traumático. Mas foi sofrido. Chorei muito e o Lázaro me chamou para a realidade. Disse: ‘Ei, tem uma criança aí que precisa de você inteira’. A segunda perda foi mais triste. Estava tentando o segundo filho havia um tempo e perdi com um mês e pouco. Tive sangramento, senti dor. Fiquei arrasada, mas segurei a onda. Exatamente um ano depois, engravidei da Maria.”

Várias culpas
“Amamentei o João até 1 ano e 2 meses. Parei porque ele não quis mais. Já a Maria, não pude amamentar porque no fim da gestação tive uma infecção que me fez tomar antibióticos na primeira semana de vida dela. Quando ofereci o peito, ela já não quis. Fiquei mal. Sentei com meu analista e chorei. Ele me deu um chacoalhão: ‘Não é isso que vai determinar a relação de vocês. Cuidado para não caminhar para uma depressão pós-parto’. Acho que todas as mulheres sentem essa culpa, mas a minha era enorme porque minha mãe me amamentou até os 6 anos. Lembro bem de como eu gostava. Mas a terapia — que faço desde os 22 anos — me ajuda a lidar com isso e várias outras coisas, como o fato de eu trabalhar muito. Nunca pensei em parar para cuidar dos filhos. A maternidade, por si só, não me completa. Sou bem mais do que isso. Minha história é esta: trabalho para criar os filhos da melhor maneira e os crio da melhor maneira para poder trabalhar bem.

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