“Também já sofri racismo na internet”, diz Lázaro Ramos

Após enorme sucesso na temporada paulistana, Lázaro Ramos e Taís Araújo estrearam no Rio de Janeiro o espetáculo O topo da montanha, em cartaz no Sesc Ginástico. Reverenciada pela crítica, a peça, que se passa um dia antes da morte de Martin Luther King, já foi vista por mais de 50 mil espectadores. “Falamos de coragem, autoestima, o poder do afeto e, claro, também de questões como o preconceito, o racismo e a segregação racial vivida na época”, diz Lázaro.

Do Rede Tiradentes 

Lázaro Ramos diz que, na época das agressões, não cogitou ir à polícia denunciar (Foto: Jorge Bispo)

O ator revela que, assim como a mulher, já foi vítima de ataques racistas na internet. “Na época, respondi a algumas pessoas com uma hashtag #vaprap…quepariu, em outras dei block ou deixei lá de propósito, para os fãs entrarem e recriminarem aquelas atitudes”, conta. Lázaro não esconde o orgulho da mulher, que virou um símbolo na luta contra o preconceito nas redes e fora delas. “Taís deu um passo à frente, que foi denunciar, mas eu, quando passei por isso, era muito amador na internet”, afirma ele, que bateu um papo com a coluna:

Como foram os ataques que sofreu na internet?

Eram xingamentos, comentários grosseiros sobre minha raça. É bem isso que estamos vendo acontecer com anônimos e artistas como a Taís Araújo [sua mulher], a Preta Gil e, mais recentemente, com a filha do Bruno Gagliasso. Uma criança, gente?! Achei horrível tudo isso, esses casos precisam de punição.

Lázaro Ramos e Taís Araújo caracterizados como seus personagens na peça que fala da segregação racial sofrida nos Estados Unidos (Foto: Jorge Bispo)

Não pensou em ir à polícia denunciar?

Na época que ocorreram eu era muito amador na internet, não tinha uma relação com a rede como tenho agora. Também estava fazendo novela naquele período, gravando muito, então não fui em frente com as denúncias. Mas agora, com esse espetáculo, de certa forma estou dando meu recado.

Que sequelas o episódio deixou em você?

Por um lado, se há algo de bom a tirar disso, é que a gente tem se empoderado mais e isso tem influenciado muito nossos trabalhos. A temporada nova do Espelho, programa que eu apresento há 12 anos no Canal Brasil com muito prazer, é influenciada por esse momento desse ódio crescente e dessas agressões. E não me refiro só a questões de nós, negros, mas também de todas essas agressões que estamos vendo aí.

 

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