O Censo da Educação Superior mostrou que o Brasil está prestes a bater a marca dos 10 milhões de jovens nas universidades. Como os dados são de 2023, é possível que isso já tenha acontecido.
O mesmo censo revelou que 51% dos alunos que entraram nas universidades graças às cotas concluíram os cursos. Entre os não cotistas, esse desempenho ficou em 41%.
Além da simples estatística, há aí uma lição política, indicativa do grau de demofobia incrustado na vida nacional.
Nos últimos anos do século passado, quando se discutia a Lei das Cotas, muita gente boa, inclusive professores, era contra a ideia, por motivos supostamente pedagógicos.
As cotas comprometeriam a qualidade dos currículos, pois os cotistas não seriam capazes de acompanhar as aulas. Além disso, muitos deles acabariam deixando os cursos.
Era apenas a velha demofobia. Todos os argumentos contra as cotas revelaram-se errados.
Na segunda metade do século 19, argumentava-se que os escravizados não estavam preparados para a Lei do Ventre Livre nem para a alforria dos sexagenários e muito menos para a Abolição.