Três mulheres morrem por dia no Brasil por feminicídio

Anuário Brasileiro de Segurança Pública foi publicado hoje (28)

O número de vítimas de feminicídio, que é o assassinato de mulheres cometido em razão do gênero, caiu 1,7% no país em 2021, se comparado a 2020. Este dado é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O estudo se baseia em informações das secretarias estaduais de segurança pública.

No ano passado, cerca de 1.340 mulheres morreram por serem mulheres, enquanto em 2020 o número de vítimas foi pouco mais de 1.350.

O anuário mostra que, no Brasil, 1 mulher é vítima de feminicídio a cada 7 horas. Isto significa dizer que, ao menos 3 mulheres morrem por dia simplesmente por serem mulheres.

Mesmo com a queda, os números ainda são altos e vêm acompanhados pelo crescimento de outros tipos de violência contra mulheres, como lesão corporal dolosa, ameaças, estupros e emissão de medidas protetivas.

As informações das secretarias de segurança pública apontam ainda um aumento de 3,8% nas tentativas de feminicídio. 

O estudo demonstra que houve mudanças importantes na legislação brasileira em 2021, no que se refere à proteção das mulheres. Entre elas, a inclusão no código penal do crime de perseguição, introdução de conteúdo sobre a prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica, além de outras políticas públicas.

O anuário desenhou o perfil desses crimes e mostrou que quase 82% dos feminicídios são cometidos pelo companheiro ou ex-companheiro da vítima. Ainda de acordo com o estudo, a presença de arma de fogo na residência aumenta o risco de a mulher em situação de violência doméstica ser morta por seu parceiro.

A pesquisa destacou também que o número de chamadas ao 190 para denúncia de crimes caiu 5,3% entre 2020 e 2021, mas as ligações sobre violência doméstica cresceram 4%, no mesmo período. 

Aumentaram também os crimes de maus tratos contra crianças e adolescentes: o crescimento foi enorme, mais de 21%. Outro número que assusta é o de estelionatos: subiu quase 180% entre 2018 e 2021. Racismo e violência contra LGBTQIA+ também tiveram alta significativa. 

De acordo com o anuário, apesar de ter havido queda de 6,5% no número geral de mortes violentas intencionais no Brasil, entre 2020 e 2021, o país continua sendo um país desigual e violento.  O destaque negativo da pesquisa foram os estados da Amazônia Legal, onde hoje encontram-se 13 dos 30 municípios com as mais altas taxas de mortes violentas do país. 

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