Um conversa com Luedji Luna sobre África, São Paulo e a música baiana

Revelação baiana, Luedji Luna é um dos destaques do Coala Festival, que ocorre neste fim de semana em SP.

Por Francisco Toledo, do HuffPost Brasil

Quem ainda não conhecer Luedji Luna irá se surpreender no Coala Festival 2018, que acontece no próximo sábado (1º) e domingo (2), no Memorial da América Latina, situado na zona oeste de São Paulo.

Revelação na cena nacional, a cantora e compositora baiana apresentará seu o repertório de seu disco de estreia, Um Corpo no Mundo, lançado no ano passado e que combina ritmos brasileiros com referências e sonoridades de origem africana.

A cantora, que levanta com orgulho a bandeira de resistência da mulher negra na música, não é a única representante da Bahia na programação do festival, já que também estão escalados shows de Gilberto Gil e de outros artistas também em ascensão: Xênia França e Baco Exu do Blues.

Conversamos com Luedji sobre o cenário musical de sua terra natal, suas inspirações e composições, e sobre a expectativa de tocar pela primeira vez no festival – que neste ano chega à 5ª edição.

Foto: Alma Preta/ Acervo Geledés

HuffPost Brasil: Esta edição do Coala terá uma série de artistas baianos que representam uma nova fase da música local, como o Baco Exu do Blues, Xênia França e você. Qual a força dessa cena musical e o que ela apresenta de influências na sua opinião?

Luedji Luna: Eu acho que não se trata de uma “nova cena”. Esse tipo de música, essa africanidade sempre esteve presente na Bahia para além do estereótipo do que é a música baiana como o axé. Eu acho que o que mudou agora foi o olhar de fora para essa música baiana. Com a mídia de hoje, as redes sociais, acabou surgindo essa demanda. Vejo muito positivamente esse momento em que estamos vivendo, com essa mudança de olhar sobre a gente, sobre a Bahia e sobre a música baiana. E a comprovação disso é estarmos em peso nesta edição do Coala.

Gilberto Gil faz parte do line-up deste ano do Coala. Você já se apresentou com ele antes? Qual o peso das músicas do Gilberto na sua carreira?

Eu nunca me apresentei com o Gil, nunca encontrei com ele. Mas eu não estou nem acreditando. Vou me apresentar no mesmo dia do Milton Nascimento, e eu acho que tanto ele quanto o Gil são duas figuras que fazem parte da minha preferência musical, escutava muito em casa. São dois artistas que tenho como referência, que são uma escola para essa nova geração de artistas que estão iniciando suas carreiras. São duas figuras lendárias que comprovam essa fase da minha carreira, poder dividir o mesmo espaço, o mesmo palco e o mesmo festival que esses artistas.

Foto: Alma Preta/ Acervo Geledés

Qual sua musa da música baiana?

Margareth Menezes. Ela é uma figura emblemática na história da música baiana, que consegue transitar desde o início do axé até o que há de mais fino da música popular brasileira, uma figura super respeitada nacionalmente. É a diva da Bahia.

“Eu estou aqui ainda que não queiram”. O que representa esse trecho da música Um Corpo no Mundo? É um pouco sobre sua mudança pra São Paulo?

Um Corpo no Mundo só nasceu porque eu sai de Salvador e vim pra São Paulo. Eu cheguei em um momento em que os casos de xenofobia estavam acontecendo com frequência em São Paulo, por conta da imigração haitiana e africana na cidade. Então esse trecho eu escolhi cantar em francês porque no Haiti se fala essa língua, foi uma referência a esses corpos negros.

Qual seu recado para todos que poderão ver você ao vivo pela primeira vez no Festival Coala deste ano? O que eles podem esperar?

Eles podem esperar um espetáculo honesto com a mesma energia do disco, com uma cantora que está muito feliz de estar dividindo esse momento com eles.

Ficou curioso? Então corre que o Coala acontece já neste fim de semana. Veja o line-up completo desta edição:

Sábado – Francisco el Hombre, ATTOOXXAA, Academia da Berlinda com participação Lula Lira, Xênia França, Baco Exu do Blues, Gilberto Gil.

DOMINGO: Johnny Hooker, Rubel, Mano Brown, Luedji Luna, Ilú Obá de Min convida Elza Soares e Juçara Marçal, Milton Nascimento com participação Criolo.

SERVIÇO:

Coala Festival 2018

Dias 01 e 02 de setembro;

Horário: Abertura às 11h

Local: Memorial da América Latina – Praça Cívica

Endereço: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 – Barra Funda, São Paulo.

Classificação: 16 anos

 

+ sobre o tema

Whitney: Documentário abre a caixa de Pandora de uma das cantoras mais emblemáticas

Publicamente, todas as fases da emblemática cantora Whitney Houston foram vividas diante...

Humorista Jordan Peele ganha milhões fazendo filme de terror com protagonistas negros

Jordan Peele, o responsável por “Nós”, filme de terror...

Simonal: Fabrício Boliveira vive a fama e as dificuldades do cantor em primeiro trailer

A cinebiografia do músico chega aos cinemas em agosto. Por Amanda...

para lembrar

Alaide Costa

Alaíde Costa Silveira Mondin Gomide nasceu no Rio de Janeiro...

Circuito Musical Palmares evidencia história da cultura afrodescendente no Brasil

Augusto do Nascimento Uma mistura de linguagens artísticas para narrar...

Músicas inéditas de Beyoncé vazam na internet

Duas canções inéditas de Beyoncé vazaram na internet nesta...

Rappers de 11 anos rimam sobre escola e racismo

MCs mirins por Tiago Dias no UOL É final de tarde de...
spot_imgspot_img

Beyoncé diz que seu novo disco nasceu de experiência de rejeição no country

Beyoncé divulgou nesta terça-feira (19) a capa do seu novo disco "Cowboy Carter", o segundo capítulo de uma coleção que começou com "Renaissance", de...

Alaíde Costa e Ludmilla são exemplos relevantes de mulheres que venceram preconceitos no mundo da música

Hoje, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é dia de saudar Alaíde Costa e Ludmilla, duas cantoras e compositoras brasileiras, ambas cariocas e ambas negras, que venceram...

Aretha Franklin: ícone da música e dos direitos civis que fez história com sua força cultural

Direto de Memphis para o mundo, com seu talento e brilho, a rainha do soul também alcançava o gospel, R&B e o jazz, de...
-+=