Nesta quinta-feira, 04, vários artistas estarão reunidos para homenagear um convidado muito especial.
Jorge Trindade, um mestre quilombola de 84 anos, terá sua obra interpretada por músicos de renome na cena musical paraense.
Mestre Jorgen, como é chamado, com seu banjo de 28 anos, irá pisar pela primeira vez no palco e, mais que isso, será o anfitrião da noite.
O fato é inédito, exclusivo e merece ter o teatro lotado. Há 70 anos, Trindade espera por qualquer reconhecimento ao seu talento musical.
Para o produtor Márcio Macedo, Mestre Trindade é um “homem de história de vida que daria um belo livro, rico em dados históricos – aos 84 anos de vida”.
“Imagine guardar uma musicalidade que é pura e tão natural quanto o ato de falar, por tanto tempo, restrita praticamente ao pequeno grupo de sua comunidade”, diz Macedo, que convidou Jorge Trindade para fazer este show depois de conhecê-lo na programação do evento “Reunida do Carimbó”.
Na ocasião, ele estava em Belém, trazido de sua comunidade “África e Laranjituba”, localizada na região do Baixo Caeté-Moju, pelo publicitário Raimundo Magno, também natural desta comunidade.
O show “Mestre Jorge e o Banjo de Ouro” vai acontecer no teatro Teatro Margarida Schivasappa (Centur), a partir das 20h, com participações especiais de Pedrinho Callado, Allan Carvalho, Mexilhão do Icatú (Moju), Sancari, Marcio Macedo, Lívia Rodrigues, Alba Maria, Grupo Sentapeia, Grupo Kizomba (Comunidade Quilombola) e Escola Capoeira (Comunidade Quilombola).
História – Mestre Jorge, como é conhecido, nasceu em Araxiteua-Acará/PA, no ano de 1926, foi lavrador, seringueiro e músico. Desde jovem, atua na luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura afro, nas regiões de Acará e Moju.
Foi ainda no ano 2000, que fixou residência no baixo Caeté-Africa e Laranjituba e, após contato com percursionistas da Fundação Curro Velho, encontrou motivação para cantar, compor e rever músicas antigas de sua autoria, e de velhos companheiros de grupo.
Em 2001, ele criou e se tornou o principal vocalista do grupo Experimental Kizomba de manifestações culturais quilombolas. Mas além da música, Jorge é detentor de vasto conhecimento das tradições e da cultura quilombola, história de escravidão na região, dentre outros assuntos, motivo pelo qual é reconhecido carinhosamente pelo seu publico com o título de Mestre.
Sua atuação, frente ao grupo cultural quilombola Kizomba, vem lhe proporcionando convites para participar de concursos culturais, encontros de músicos, aniversários etc. Atualmente, Mestre Jorge, por meio da Música, vem reivindicando um lugar para a cultura afro-quilombola na sociedade, e sonha publicar sua obra em CD ou DVD.
Fonte: Holofote Virtual