Umbandistas e católicos fazem ato conjunto e substituem imagem de São Jorge destruída a pedradas

Enviado por / FonteO Globo, por Luã Marinatto

Ataque aconteceu em praça de Irajá, na Zona Norte do Rio

Um dia depois de uma imagem de São Jorge ser destruída a pedradas em uma praça de Irajá, na Zona Norte do Rio, umbandistas e católicos uniram-se em um ato simbólico no local. Representantes da religião de matriz africana juntaram-se a fiéis da Igreja Nossa Senhora da Apresentação, situada no bairro, e saíram em defesa da liberdade de crença.

O ato começou com uma missa celebrada pelo bispo auxiliar Dom Catelan na noite desta terça-feira. Em seguida, o grupo partiu numa procissão de cerca de 300 metros até a Praça Ana Lima, conhecida como Praça do Chafariz, onde a imagem depredada ficava protegida por uma espécide de redoma de vidro.

— É muito importante que continuemos unidos contra o preconceito e a violência. O verdadeiro amor de Deus está nos nossos corações — ensinou o bispo.

O ato também contou com a participação do deputado estadual Átila Nunes (MDB), relator da CPI da Intolerância Religiosa na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e do babalorixá Márcio de Jagun, responsável pela Coordenadoria Executiva da Diversidade Religiosa (Cedir) do município do Rio. Durante o evento, a praça ganhou uma nova imagem de São Jorge, doada pelo parlamentar.

O ato também contou com a participação do deputado estadual Átila Nunes (MDB), relator da CPI da Intolerância Religiosa na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e do babalorixá Márcio de Jagun, responsável pela Coordenadoria Executiva da Diversidade Religiosa (Cedir) do município do Rio. Durante o evento, a praça ganhou uma nova imagem de São Jorge, doada pelo parlamentar.

O Cedir encaminhou o caso à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Agentes da especializada buscam imagens de câmeras de segurança instaladas por comerciantes e prédios da região para tentar identificar os responsáveis pelo ataque à imagem do Santo Guerreiro.

— Além da Praça do Chafariz, outra imagem de São Jorge foi destruída em um altar que fica na Freguesia, no último dia 20. Um ato como o que organizaram os umbandistas e católicos hoje mostra o quanto é importante a harmonia entre as crenças para a reconstrução do caminho da paz, tão sonhado pela humanidade — discursou Márcio de Jagun, coordenador do Cedir.

O ataque na Praça do Chafariz ocorreu dois dias depois da data em homenagem ao Santo Guerreiro, comemorada em 23 de abril. A representação havia sido colocada no local por iniciativa de moradores da região cerca de três anos antes.

Um vídeo que mostra o estrago da ação foi publicado pela página Irajá Notícias. Segundo o relato, que teria sido fornecido por testemunhas, um homem branco e careca, sem camisa, aproximou-se da imagem às 2h20 da manhã e a destruiu a pedradas. Velas e flores deixadas no local no Dia de São Jorge também foram vandalizadas.

+ sobre o tema

Carta aos espanhóis: e se nos unirmos para erradicar o racismo?

Queridos amigos espanhóis, Picasso, Gaudí, Montserrat Caballé, Cervantes, Concha Buika,...

Wole Soyinka: ‘Quando entro em um museu europeu, quero roubar de volta o que me pertence’

Aos 88 anos, o dramaturgo, poeta e romancista nigeriano Wole...

Pode acontecer com qualquer pessoa negra – a pergunta é: até quando?

O número de casos de discriminação racial irá aumentar, e isso...

A Espanha é um lugar racista?

vini jr, com a sua coragem e inteligência, deu...

para lembrar

Há ofensa e fundamentalismo na decisão contrária à umbanda e ao candomblé

Para Justiça Federal do Rio, candomblé e umbanda deveriam...

Inquérito contra terreiro de candomblé em Santa Luzia (MG) é “ilegal”, diz advogado

Hédio Silva Jr. afirma que TAC criado pelo Ministério...

Associação pede proibição de cremação de seguidores do Candomblé

Ofício enviado ao MPE/BA e MPF versa sobre mortos...

Ponto de Cultura Caminhos lança Campanha de criação do Instituto Doné Eleonora

O lançamento da Campanha de criação do Instituto Doné...
spot_imgspot_img

Mãe de santo aponta falta de diálogo e intolerância em demolição de terreiro na Grande SP

Mãe de santo em Carapicuíba, Grande São Paulo, Odecidarewa Mãe Zana Yalorixa está sem local para morar desde que o seu terreiro de candomblé de 200 m²...

13 de maio e a perseguição às religiões de matriz africana

"Vovó não quer casca de coco no terreiro. Para não lembrar os tempos do cativeiro". Com esse ponto cantado pelas umbandas e rodas de...

As sacerdotisas africanas perseguidas pela Inquisição no Brasil

Entre as histórias da população negra no Brasil que conseguiram sobreviver ao processo de apagamento, há episódios que ainda permanecem sob a sombra do...
-+=