Violência obstétrica contra negras, apontada por Geledés, é tema na ONU

Enviado por / FonteKatia Mello

Artigo produzido por Redação de Geledés

No segundo dia de sabatina do Estado brasileiro diante do Comitê Contra a Tortura das Nações Unidas, em Genebra, a temática que se destacou foi a tortura na área da saúde do País. O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Luiz de Almeida, se apoiou em dados providos por Geledés-Instituto da Mulher Negra em seu relatório à ONU para comentar sua surpresa com a atual vigência da cartilha “Atenção Técnica para Prevenção, Avaliação e Conduta em Casos de Aborto”. A cartilha, pautada pelo o antigo governo em um viés ideológico conservador-discriminatório, dificulta, ainda mais, o acesso ao direito do aborto legal. Diante das evidências apresentadas por Geledés na comissão, o ministro se comprometeu oficialmente a levar o assunto à ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima.

Outro destaque de extrema importância foi a manifestação dos peritos da ONU sobre a violência obstétrica e a violência fundamentada em gênero e raça direcionada a mulheres e meninas afrodescendentes, com informações providas por Geledés. A perita da ONU Ana Racu fez menção específica à apresentação da organização sobre a “avaliação e conduta nos casos de abortamento”. 

Fotos: Iradj Eghrari – Carolina de Almeida Pereira, doutoranda em Ciências Sociais e representante de Geledés na comissão da ONU

Diante da presença dos representantes do Estado brasileiro e das demais organizações da sociedade civil presentes na sessão, o perito da ONU H. Liu chegou a ser enfático ao relatar: “Ontem quando um membro da sociedade civil me procurou (no caso, Geledés), foi relatado que mulheres afrodescendentes relutam em procurar o sistema de saúde para acompanhamento obstétrico (pré-natal) por serem alvos de discriminação e violência racial”.

No relatório de Geledés à ONU, a organização apontou que “o Estado tem falhado gravemente em suas garantias, principalmente no que diz respeito à saúde sexual e reprodutiva de meninas e mulheres negras. Entre as graves violações de direitos nessa área está a violência obstétrica, que atinge mais mulheres negras do que brancas. As mulheres negras, por exemplo, têm 50% menos chances de receber anestesia durante as episiotomias”.

+ sobre o tema

Grupo estabelece urgência no combate ao racismo global

Geledés – Instituto da Mulher Negra realizou nesta terça-feira,...

Geledés obtém duas importantes vitórias em documento da ONU

Geledés - Instituto da Mulher Negra encerrou nesta sexta-feira...

Em feito histórico, Geledés demanda na ONU reparação aos afrodescendentes   

“Nesta quinta-feira, Geledés realizou um feito histórico ao ser...

para lembrar

Ministério da Saúde revoga portaria que regulamentava aborto

O Ministério da Saúde revogou nesta quinta-feira portaria que incluía...

Quadrilha envolvida com abortos chegava a lucrar R$ 300 mil por mês

Polícia cumpre 75 mandados de prisão e 118 de...

Sou evangélica e a favor da legalização do aborto

Não comente antes de ler. Este é o meu...

Aborto: o moralismo é impotente; porém, mata

Novos números indicam: quanto mais conservadoras as leis, mais...

Secretário-geral da ONU adverte para ameaças aos direitos das mulheres

Na abertura da 68ª Sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, CSW, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que muitas mulheres e...

Empoderamento econômico das mulheres negras é tema de Geledés na ONU

Participam do evento de Geledés a ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, a diplomata do Itamaraty, Rafaela Fontes,...

O atraso do atraso

A semana apenas começava, quando a boa-nova vinda do outro lado do Atlântico se espalhou. A França, em votação maiúscula no Parlamento (780 votos em...
-+=