As evidências mais explícitas da manutenção do projeto racista de “embraquecimento” do Brasil é a postura de concessionários públicos que atuam na mídia. São posturas marcadas pelo flagrante e impune desrespeito ao quadro de miscigenação racial do Brasil, em nome da manutenção de uma estética perversa resumida em um mantra cruel, enquanto institucionalizada, qual seja: “branquear para melhorar”.
por Adelson Silva de Brito no Correio Nagô
Depois de uma novela como foi “lado a lado” onde “se pretendeu” dar a um casal de protagonistas negros o mesmo status dos seus pares, no caso um casal de protagonistas brancos, os arautos da pseudo-democracia racial, encastelados no círculo velado decisório da mesma emissora que dá emprego a um senhor de nome Ali Kamel, autor do livro “Não somos racistas – Uma reação aos que querem nos transformar em uma nação bicolor”, na sequência, traz uma “flor do caribe” ariana. E por mais que você leitor, incomodado como eu pela percepção da manutenção do status quo racista e excludente com relação à visibilidade do Negro e do Afrodescendente, assuma com relação a essa “obra da ficção” postura clássica do “não vi e não gostei”, a lavagem cerebral praticada desde as primeiras horas do dia pela repetição massiva das “chamadas” torna incontornável a indignação de qualquer cidadão dotado de um mínimo de escolaridade, aliada a um mínimo de conhecimento da verdadeira história do Brasil, aquela que você só vê nos livros de Décio Freitas, como o livro “La Guerrilha Negra, Montevidéu, Nuestra América, 1971, que conta a história de Zumbi e do Quilombo dos Palmares (lançado em Montevidéu por ter sido proibido o lançamento aqui)”. É que a Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, até agora “não pegou”.Quem sabe se um dia ela “pegar” teremos acesso a verdadeira história do Negro no Brasil.
A boçalidade explicita execra o bom senso segue impune e aplaudida pelos telespectadores (e contribuintes) aficionados seguidores das coisas do Brasil, colocadas pelos processos educacionais promovidos pelas telenovelas fabricadas a partir da matéria prima representada pela baixa escolaridade, matéria farta no nosso país, haja vista a promoção efetiva do manto de ignorância que cobre o nosso povo heroico e sofrido, promoção, diga-se a bem da verdade, implementada pelo governo, através dos seus “planos de educação”. Aí o contribuinte assiste a “estórias das Índias”, vividas por atores brancos fantasiados de hindus, falado Português, recheado aqui e ali, de dois ou três arremedos de termos ou expressões em Híndi, e chega ao fim da “estória” sem saber onde fica a Índia, qual a capital da Índia, quem foi Mahatma Gandhi, e o que fez pelo seu povo, ou mesmo quais as razões históricas para a existência de um sistema de castas, que está na base da origem dos “brâmanes”, ou dos “dalits”, tipos tão explorados em uma novela que passou. E na sequencia infeliz dos acontecimentos que compõem um universo do capital na mais selvagem das suas evoluções, mantendo o status quo dos “famosos”, assiste-se a “estórias envolvendo a Turquia” com turcos encarnados segundo as visões estereotipadas da nossa cultura eurocêntrica, e todos ficam felizes, sem perceber o avanço da marcha cruel do racismo na direção da sua consolidação como “processo de seleção natural”. A televisão nos dá os “espelhos e colares” modernos e nós reagimos do mesmo modo que os nossos antepassados indígenas reagiam há 500 anos: embasbacados pela ilusão do pertencimento.
Agora, a televisão racista do Brasil oferece ao contribuinte uma “flor do Caribe” ariana, que faz par com um ator ariano, formando um casal que não tem nada a ver com as características étnico-raciais do Caribe ou com a representação pitoresca desse povo tão miscigenado. O Caribe ou Antilhas como é também conhecido, é uma região que consiste do Mar do Caribe, e suas ilhas e algumas encerradas no Mar do Caribe e algumas outras beirando, tanto o Mar do Caribe como o Oceano Atlântico Norte. A região está localizada a sudeste pelo Golfo do México e do continente norte-americano, a leste da América Central e a norte da América do Sul.
Os principais países da região do Caribe – (com suas Capitais) – são: Antiga- (St.John’s);Cuba-(Havana); Barbuda -(Codrington);Anguilla -(The Valley)
Barbados; (Bridgetown);Ilhas Virgens Britânicas- (Road Town);Dominica – (Roseau);
República Dominicana- (São Domingo);Guadalupe -(Basse Terre);
Granada-(São Jorge);Guiana-(George Town);Martinica-(Forte-da-França);Nevis-(Charlestown);Saint Croix-(Christiansted);Porto Rico-(São João); St.Kitts-(Basseterre);
Santa Lucia-(Castries);São Martinho /St.Maarten-(Philipsburg);São Thomas-(Charlotte Amalie);São Vicente e Granada-(Kingstown);Haiti-(Porto Principe);e Jamaica-(Kingston).
O Caribe só tem como referencia o branco europeu na visão colonialista da história das Américas, e nos romances de cunho dúbio cunhados pelas mentes racistas de Hollywood, no que seguido pelos eternos autores das chanchadas novelísticas brasileiras, herdeiros diretos dos melodramas hispânico-mexicanos.
Uma legitima flor do Caribe é Tully Femcourt, a Miss Maritnica 2010, que aparece ilustrando esse post.
Referencias:
1. Entrevista com Joel Zito Araújo; Acesso: vivafavela.com.br/materias/entrevista-joel-zito-ara%C3%BAjo, (acessado em 27/04/13);
2. Caribbean; Acesso: https://en.wikipedia.org/wiki/Caribbean (acessado em 28/04/13);
3. Imagem: TullyFemcourt, Miss Maritnica 2010; Acesso: www.timesofbeauty.com (acessado em: 28/04/13);