‘Vuvuzelaço’ arrepia capitão do rúgbi sul-africano no título mundial de 95

Em entrevista ao jornal ‘O Globo’, François Pienaar afirma: ‘Antes do primeiro chute da Copa, ganhamos nossa competição’


O primeiro time a contribuir consideravelmente para a união de negros e brancos na África do Sul foi o de rúgbi, que conquistou o campeonato mundial de 1995, em casa. O capitão daquela equipe, o branco François Pienaar, agora vê o futebol consolidando o que ele ajudou a construir em seu país e se diz emocionado com a festa que seus compatriotas fizeram nas ruas na quarta-feira para os Bafana Bafana.

 

Em entrevista por telefone para o jornal “O Globo”, Pienaar, ícone do time que inspirou o filme “Invictus”, dirigido por Clint Eastwood, com Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela e Matt Damon no do capitão da seleção sul-africana, fala da realização Copa do Mundo de futebol como uma evolução em relação ao Mundial de rúgbi.

– São momentos muito diferentes, mas a importância de agora é muito maior, a começar pelo fato de o futebol ser um esporte de muito maior expressão do que o rúgbi. Historicamente, há grandes diferenças também: em 95, tínhamos saído há apenas um ano do apartheid e ainda havia muitas feridas abertas. O que vi nas ruas de Joanesburgo, com brancos e negros usando as cores da África do Sul, fazendo uma festa arrepiante, foi algo que me tocou prondamente. Em 95, Madiba (nome pelo qual Mandela é conhecido no idioma da sua etnia, a xhosa) e eu tentamos medicar algumas feridas que agora parecem cicatrizadas – afirmou.

 

O ex-jogador de rúgbi comentará jogos da Copa para uma TV inglesa e não tem dúvidas que também contribuiu um pouco para que a África do Sul fosse escolhida a sede da Copa deste ano:

– Não tenho dúvidas de que ajudou (o título mundial de rúgbi em 1995), pois a Fifa viu que estávamos dispostos a deixar o passado para trás e construir um novo momento na África do Sul. Mas só as intenções não teriam sido suficentes para convencer os delegados da entidade. A África do Sul trabalhou muito para a realização da Copa, talvez até mais do que muita gente julgava necessário.

Argumenta-se, por exemplo, que não precisávamos ter construído novos estádios, mas era importante mostrar nossa disposição para receber o mundo numa nova realidade para o país. Acima de tudo, provamos do que somos capazes. Mesmo antes do primeiro chute da Copa, ganhamos nossa competição.

 

Pienaar aposta nos EUA como surpresa da Copa

Pienaar disse que chegou a jogar futebol na escola, mas que era muito ruim de bola. Ele afirma que seu trabalho de comentarista será muito mais ligado à realização da Copa do que propriamente com os jogos. Mesmo assim diz que torcerá pela África do Sul, obviamente, e os outros cinco times do continente: Gana, Camarões, Argélia, Costa do Marfim e Nigéria. E ainda arrisca seus palpites futebolísticos ao ser perguntado em quem apostaria suas fichas:

– Em Brasil e Espanha, não dá para fugir das evidências. Mas também gosto de imaginar quem serão as surpresas, e vejo os Estados Unidos como um forte candidato a derrubar favoritos.

 

Para terminar a entrevista, Pienaar, que comparou a seleção brasileira atual com seu time de 95, sem estrelas, mas com bom grupo, falou sobre o filme que retrata a grande vitória de 15 anos atrás:

– Muito homem feito me diz ter chorado como criança com o filme, e vou admitir que também abri a boca quando assisti a “Invictus”. Gostei muito do resultado e fiquei impressionado com a fidelidade à história original. A sequência em que visito a cela que Madiba ocupou durante 29 anos na Ilha Robben foi minuciosamente igual ao que vivi naquela tarde. Encontrei Madiba recentemente e também fomos às lágrimas quando nos lembramos de tudo aquilo pelo que passamos.

 

Fonte: Globoesporte

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