Web Summit: SOS Racismo congratula-se com decisão de retirar convite a Le Pen

A associação SOS Racismo congratulou-se hoje com a decisão de ser retirado o convite à líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, para participar na Web Summit, em Lisboa, considerando que ganha a democracia e ganham todos.

no Sapo.Pt

“É a decisão que se impõe, veio ‘tarde e a más horas’, aliás, o convite nem devia ter acontecido”, mas “ainda bem que foi desconvidada porque assim ganha a democracia e ganhamos todos nós”, disse à agência Lusa Mamadou Ba, da direção da SOS Racismo.

O presidente executivo da Web Summit, o irlandês Paddy Cosgrave, anunciou hoje, no Twitter, que decidiu retirar o convite a Marine Le Pen para estar presente este na iniciativa, que vai realizar-se em Lisboa, em novembro, pela terceira vez.

O convite para Marine Le Pen estar em Portugal a participar no evento tecnológico originou uma polémica, com a SOS Racismo a exigir, na segunda-feira, que as entidades ligadas à organização da Web Summit tomassem uma posição pública, seguida por posição semelhante do Bloco de Esquerda, na terça-feira.

Cosgrave reagiu num primeiro momento explicando a decisão e afirmando que se o Governo português pedisse, aceitaria retirar o convite.

Já hoje, o Ministério da Economia anunciou em comunicado que não tem intervenção na “seleção de oradores” do Web Summit e que valoriza a sua realização em Portugal.

“Todo este jogo de empurra entre a organização e o próprio Governo era dispensável, uma vez que não podemos permitir que o erário público seja utilizado para legitimar um discurso racista e fascista que é o discurso de Marine Le Pen”, defendeu hoje Mamadou Ba.

Tendo em conta “tudo o que sabemos, inclusive informações vindas a público recentemente de que o próprio Estado estaria muito preocupado com a reorganização da extrema-direita no nosso país, seria absolutamente inacreditável que se permitisse que viesse [a Portugal] uma das figuras mais importantes da extrema-direita para legitimar essa reorganização”, salientou.

“Sabemos que a nossa Constituição proíbe a existência de organizações que professam a ideologia racista, fascista e nazi que professa [o partido de] Marine Le Pen”, acrescentou ainda a SOS Racismo.

Numa série de ‘tweets’, Paddy Cosgrave explicou que a sua equipa, “com base nos conselhos” que recebeu e “na ampla reação ‘online’ ao longo da noite”, concluiu que a presença de Le Pen “é desrespeitosa em particular para o país anfitrião” e “para alguns entre as dezenas de milhares de participantes” de todo o mundo que acorrem ao evento tecnológico e de inovação.

Cosgrave frisou que “a questão do ódio, liberdade de expressão e plataformas tecnológicas é decisiva em 2018”, pelo que a Web Summit “vai redobrar esforços para abordar esta difícil questão com mais cuidado”.

+ sobre o tema

Google concorda em pagar US$ 28 milhões em processo por preconceito racial

O Google concordou em pagar US$ 28 milhões (cerca de R$...

Renda de pessoas negras equivale a 58% da de brancas, mostra estudo

A renda do trabalho principal de pessoas negras correspondia,...

Geledés – Instituto da Mulher Negra se solidariza à Ministra Marina Silva

Geledés – Instituto da Mulher Negra, organização fundada e...

STF forma maioria para validar lei que expulsa empresa por escravidão em SP

O plenário do Supremo Tribunal Federal formou maioria, nesta...

para lembrar

O Morro do Bumba & os Filhos deste Solo Afinal, lugar de lixo é no lixo…

Deise Benedito* São as águas de março fechando o...

Não se amplia a voz dos idiotas

“Não se amplia a voz dos idiotas”. Mesmo tendo...

Movimentos denunciam Brasil na ONU por “racismo estrutural”

O Brasil é denunciado ao Comitê pela Eliminação da...

Apoio internacional a Dilma assusta golpistas brasileiros

O apoio internacional ao governo Dilma faz o inferno...

Alcântara é Quilombola! Em sentença histórica, Corte Interamericana condena Brasil por violar direitos quilombolas e determina titulação do território

Na última quinta-feira (13), a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) declarou que o Estado brasileiro é responsável por violar os direitos das...

União Africana classifica escravidão e regime colonial de genocídio

Líderes de países africanos deram um novo passo na crescente reivindicação por reparações históricas ao classificar a "escravidão, deportação e colonização de crimes contra a humanidade e genocídio contra os...

Quilombolas pedem maior participação em debates sobre a COP30

As comunidades afrodescendentes e quilombolas pedem mais espaço nos encontros sobre mudança do clima que antecedem a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as...
-+=