Você já deixou de usar saia porque teve medo? Não se sentiu à vontade ao usar um biquíni? Já se sentiu mal por ouvir que “isso não é coisa de mulher” ao escolher sua profissão? Você precisou ir para um local privado ao amamentar seu filho em público? Infelizmente, a maioria das respostas para perguntas como estas ainda é sim.
Mas a designer mineira Carol Rossetti, de 27 anos, de forma depretensiosa e leve, quer ajudar a desconstruir o machismo impregnado em cada um e mostrar com suas ilustrações que é possível dar lugar ao amor-próprio e ao empoderamento.
No começo a ideia era só dar sentido aos rabiscos despretensiosos que fazia nos momentos de inspiração fora do trabalho. Mas um ano após publicar as ilustrações no Facebook, elas colecionam mais de 240 mil fãs nas redes sociais, foram traduzidas para o inglês e espanhol e, neste mês, ganham o livro “Mulheres” (Editora Sextante, R$R$ 39,90).
“Esse foi um projeto muito pessoal e eu nunca imaginei que ele fosse tomar as proporções que tomou”, contou Carol em entrevista ao Brasil Post.
Tirando o tom de revolta e dando lugar ao bom humor com um toque refinado de ironia, Carol usou a vivência de amigos e familiares que enfrentam preconceitos com relação à idade, deficiências e corpo para criar o texto e os desenhos.
“É importante reconhecer que a gente tem uma cultura muito machista. Não é um fantasma que aparece de vez em quando. Ela influencia todo mundo o tempo todo”, afirmou.
Já as experiências pessoais da artista com o racismo e padrões de beleza também estão presentes nas histórias que conta, mesmo que de forma indireta:
“Durante muito tempo, eu mesma reproduzi o machismo. A Carol de 15 anos é muito diferente da Carol de hoje. É doloroso pedir desculpas para o mundo, reconhecer os erros e passar isso para frente. Mas é um movimento necessário”.
Temas como amamentação em público, sexualidade e a patrulha que ronda a depilação, gordofobia e o corpo feminino são abordados pelas ilustrações da designer.
“O meu trabalho não tem pretensão nenhuma de mudar o mundo, não é sozinha que eu vou fazer isso. Só de ver a reação das pessoas nas redes sociais e em como isso colaborou para uma discussão importante já me deixa feliz”.
E continua: “É possível colocar o feminismo em pauta, mostrar a diversidade e desconstruir a ideia de que o que é considerado ‘feio’ não pode ser ‘bonito’ no corpo de uma mulher, entre tantas outras questões”.
As imagens abaixo fazem parte do livro de Carol e mostram a importância do feminismo não só para as mulheres — mas para todo mundo:
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