No próximo domingo será 20 de novembro – Dia da Consciência Negra. E, como sempre desde que a comemoração foi instituída no calendário oficial brasileiro, principalmente este ano dado o quadro político brasileiro, surgirão questionamentos como: por que comemorar a consciência negra, e não a branca ou a humana?
Por Maurício Pestana para o Portal Geledés
Comemoramos a consciência negra porque os negros foram oprimidos por mais de 300 anos nesse país e ainda hoje somos a população que mais sofre em todos os sentidos.
Somos 76% dos mais pobres, ou seja, três em cada quatro pessoas que estão no grupo dos 10% mais pobres são negras. Somos a população com renda média 2,5 vezes menor que a população branca. Somos mais de 60% da população penitenciária do país.
Nossos jovens são 77% dos jovens assassinados todo ano, o que significa que um jovem negro é morto a cada 23 minutos.
Então, enquanto formos os cidadãos mais afetados pelas desigualdades do Brasil, precisaremos de um dia para lembrar que a escravidão acabou há mais de 100 anos e já está mais do que na hora de sermos totalmente integrados à sociedade brasileira.
Nesse 20 de novembro, a Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial irá inaugurar a primeira estátua de Zumbi dos Palmares na cidade de São Paulo. Um ícone da luta negra agora estará ao lado de outras figuras importantes para a historiografia brasileira. É isso que exigimos quando falamos sobre consciência negra: não a supremacia negra na sociedade, mas que o nosso lugar enquanto parte integrante desse país seja reconhecido.