Eva Alterman Blay
Professora Emérita
FFLCH/USP
04/03/2023
E de repente é 8 de março novamente! O que fizemos nos últimos amargos 4 anos, como o comemoramos¿ Tenho múltiplas visões dessa data crucial para o feminismo. Foram tão penosos os últimos anos que a maioria nem lembra o que fez na data¹. Hoje é com entusiasmo que relato um novo começo. Era pouco mais de 8 da manhã do dia 1 de março de 2023 quando se abriram as comemorações do “Dia Internacional da Mulher” num Café da Manhã no Palácio do Planalto. Vi, pelo youtube, um conjunto de mulheres vestidas como se vai ao trabalho, cabelos e rostos discretamente sem maquilagem, as futuras ministras do novo governo. Janja, a mulher do Presidente Lula, na maior discrição deu palco às Ministras e logo passou a palavra àquela que para nós representou a recuperação do que fora destruído – a Ministra Cida Gonçalves, do Ministério da Mulher. São mulheres que pelo trabalho e atuação política construíram a trajetória que as levou a dirigir importantes ministérios. Cada uma delas sabe a que veio, o que pretende construir, e durante a sessão apresentaram suas visões para o pais:
Ana Moser: ministra do Esporte;
Anielle Franco: ministra da Igualdade Racial;
Cida Gonçalves: ministra das Mulheres;
Esther Dweck: ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos;
Luciana Santos: ministra de Ciência , Tecnologia e Inovação;
Margareth Menezes: ministra da Cultura;
Marina Silva: ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima;
Nísia Trindade: ministra da Saúde;
Simone Tebet: ministra do Planejamento e Orçamento;
Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas;
Daniela Carneiro, ministra do Turismo;
E mais duas que romperam o centenário paradigma masculino:
– Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil; e
– Rita Serrano, presidente da Caixa Econômica Federal.
Provem de diferentes partidos e como apontou a imprensa “ a diversidade entre as ministras também é um ponto alto e histórico no novo governo: entre as 11 ministras, há três negras e uma indígena”.
Os movimentos feministas avançaram pelo mundo, quebraram resistências, mudaram estruturas patriarcais, mas é muito desigual. Enquanto alguns países nem permitem que meninas frequentem escolas a ONU parte para um novo patamar: acentua a importância da alfabetização digital. Para alcançar a igualdade de gênero a ONU propõe que a próxima reunião internacional ( 2023) destaque a importância da “Inovação e da mudança tecnológica” pois para alcançar a igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas é importante a educação digital². As tecnologias digitais podem melhorar as condições de mulheres e meninas se os grupos historicamente excluídos tiverem acesso às plataformas. Entramos numa nova era e para dar um salto de qualidade a próxima reunião da ONU propõem:
“El 67º período de sesiones de la Comisión de la Condición Jurídica y Social de la Mujer (CSW67), la mayor reunión anual de las Naciones Unidas dedicada a la igualdad de género y al empoderamiento de las mujeres, tendrá lugar del 6 al 17 de marzo de este año bajo el tema: “Innovación y cambio tecnológico, educación en la era digital para lograr la igualdad de género y el empoderamiento de todas las mujeres y niñas”. A era digital pode criar novas oportunidades mas pode também aprofundar o fosso dos grupos historicamente marginais- mulheres, meninas, população negra, periférica, e outros grupos excluídos.
Estou otimista quando vejo um governo que inclui todos e todas, que apoia ministras preparadas e propensas à inovação, que tem como valor máximo o respeito a todos e todas, à ciência, ao meio ambiente, e a democracia.
¹ Obrigada aos e as colegas que responderam a pesquisinha
² “Innovación y cambio tecnológico, educación en la era digital para lograr la igualdad de género y el empoderamiento de todas las mujeres y niñas”
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