Negros pediram mais auxílio emergencial, mas brancos tiveram maior sucesso

Enviado por / FonteExame, por Ligia Tuon

A maioria dos que solicitaram ao governo o auxílio emergencial de 600 reais, anunciado à população mais vulnerável em meio à pandemia do coronavírus, é formada de pessoas negras. Entre os contemplados até agora, no entanto, a taxa de sucesso dos não negros é melhor.

Levantamento feito pelo Instituto Locomotiva mostra que, entre os negros que pediram o auxílio, 74% tiveram o pedido liberado. Essa taxa foi de 81% entre os não negros que fizeram a solicitação. Do grupo total de candidatos ao benefício temporário, 43% eram negros e 37% não negros.

A informação é de um estudo mais amplo divulgado nesta quarta-feira, 17, pelo instituto e que mostra como o racismo está arraigado no Brasil, onde negros ocupam mais posições precárias e com menor renda, mas são menos beneficiados.

“7% ainda acham que não existe racismo no país. Precisamos continuar incentivando e falando sobre a importância de cada vez mais os pretos estarem nos espaços de poder”, diz Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa) e do Data Favela.

A pesquisa também deixa mais claro de que forma a população negra sentiu mais os efeitos econômicos do coronavírus, especialmente quanto à diminuição da renda e não pagamento de contas: 73% dos que afirmam terem tido diminuição da renda famíliar, 73% negros e 60% não negros. Dos que deixaram de pagar contas, o número é 49% ante 32%, respectivamente.

“A diferença salarial é muito grande. O que impacta na economia, já que os negros perdem poder de consumo. É importante que o mercado olhe para essa pesquisa, e comece a se diversificar”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva e fundador do Data Favela

Trabalhadores não negros ganham em média 76% a mais que os negros, mostra o estudo. A média do salário também é bem discrepante: R$ 1.764 contra R$ 3.100.

Mesmo assim, dos pequenos empresários que estão tendo de manter seu negócio fechado durante a pandemia, a maioria é formada de negros: 38% ante 35% de não negros.

A população negra consome R$ 1,9 trilhão por ano, o que representa 40% do total do consumo brasileiro, de acordo com a Locomotiva. No país, 56% se declaram negros (pretos ou pardos) ou 118,9 milhões de pessoas.

A pesquisa foi feita entre os dias 4 e 5 de junho, por meio de um questionário que coletou 1.459 entrevistas, de 72 cidades de todos os estados do país.

+ sobre o tema

É preciso olhar para a frente (2)

Por: Wadih Damous   A OAB do Rio...

Brasil: teste da linguinha em recém-nascidos passa a ser obrigatório

A partir desta semana, hospitais e maternidades das redes...

O que faremos com nossas crianças com microcefalia?

A minha experiência como médica em relação à doença...

Pressionado, jornal O Globo admite que errou ao apoiar Golpe de 1964

  Durante os protestos que eclodiram em junho,...

para lembrar

Professores e intelectuais promovem boicote à revista Veja

Em petição online, os profissionais pedem à comunidade acadêmica...

‘Agora a gente conversa com o médico como se fosse um amigo’

Em depoimentos durante simpósio em São Paulo sobre o...

Nove operários morrem na Bahia. Isso é só o começo

Nove operários morreram em um canteiro de obras,...
spot_imgspot_img

Comissão Arns apresenta à ONU relatório com recomendações para resgatar os direitos das mulheres em situação de rua

Na última quarta-feira (24/04), a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns, em parceria com o Movimento Nacional...

Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia

Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do estudo Fronteiras da Informação...

Brasil registrou 3,4 milhões de possíveis violações de direitos humanos em 2023, diz relatório da Anistia Internacional

Um relatório global divulgado nesta quarta-feira (24) pela Anistia Internacional, com dados de 156 países, revela que o Brasil registrou mais de 3,4 milhões...
-+=