“Não confio em homem que desrespeita mulher”: nossa colunista explica sua opção política

 

As eleições para presidente têm sido assunto desde o início da campanha (e ainda mais após o início da corrida pelo segundo turno) – e que bom isso. Apesar das queixas de alguns – “nossa, que chato todo mundo falando de política o tempo inteiro!” – acho que a repetição incansável do assunto deve ser motivo de comemoração. Afinal, noutros tempos – e ainda hoje, noutros países – o assunto fora terminantemente proibido. Então, que bom que podemos discutir abertamente o assunto, das redes sociais às mesas de bar, em que pese a blindagem midiática que insiste em se impor.

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Por isso mesmo – entre outros infindáveis motivos que poderiam, sozinhos, compor este artigo – eu insisto em escrever sobre, e viva a liberdade de expressão! Compreenda que – apesar de quem quer que seja poder livremente defender a que partido julgar merecedor – isto não se trata de defesa partidária ou politicagem barata: este texto tem o condão de alertar as pessoas acerca de um aspecto crucial do presidenciável Aécio Neves: o visível machismo e misoginia. Como aspirante a militante do feminismo, sinto-me na obrigação de comentar.

O candidato escancarou a sua inegável covardia e desrespeito às mulheres na última campanha.

Notória a sua incapacidade em demonstrar o menor respeito por uma mulher – que além de mulher mais velha que ele, é presidente deste país – em vários momentos dos vergonhosos debates presidenciais dos quais participou.

Todas as vezes em que se sentia acuado com alguma colocação da presidente – as quais, esclareça-se, não são objeto deste texto – reagia com cinismo repugnante e agressividade assustadora: desde o dedo na cara da Luciana Genro, aos insultos em alto e bom som contra a presidente. “Leviana e mentirosa, candidata!”

Discussões políticas à parte, eu, particularmente, não consigo confiar em um homem – nem mesmo enquanto homem apenas, quem dirá enquanto presidenciável – que levanta, desrespeitosa e desnecessariamente, a voz a uma mulher mais velha e, independente de divergências políticas, digna de respeito.

Desfrutando da minha inegável liberdade de expressão, afirmo: Aécio é a personificação da misoginia, do desrespeito à mulher e da promoção da desigualdade de gêneros. A personificação da ignorância acerca das necessidades do gênero – e, pior ainda, uma ignorância proveniente do desinteresse. Não consigo vislumbrar – e não consigo por que o histórico do candidato não me permite – uma só possibilidade de Aécio Neves colocar-se enquanto defensor das causas feministas.

Por isso minha alma feminista se debate todas as vezes em que vejo uma mulher afirmar-se militante PSDBista. Uma mulher que pode pagar o alto preço de ser esquecida e negligenciada pelas leis de seu país durante quatro anos.

Que o movimento feminista não esteja – como, acredito piamente, não está – ao lado de um homem que não consegue apresentar uma só proposta em favor da mulher e desrespeita a presidente do país e toda mulher que ouse contrariá-lo. E que o contrariemos, e provemos, com a força feminina que ele menospreza, que os tempos são outros. Não somos levianas. Sabemos o que queremos e sabemos, mais ainda, o que não queremos: um playboy machista no Palácio do Planalto.

Sobre o Autor

Atriz por vocação, escritora por amor e feminista em tempo integral. Adora rir de si mesma e costuma se dar ao luxo de passar os domingos de pijama vendo desenho animado. Apesar de tirar fotos olhando por cima do ombro, garante que é a simplicidade em pessoa. No mais, nunca foi santa. Escreve sobre tudo em: facebook.com/escritosnathalimacedo

 

 

Fonte: DCM 

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