Projeto fotográfico denuncia racismo dentro da universidade; confira o ensaio

Uma estudante de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) fotografou pessoas que transitavam pelo campus e pediu que elas posassem com frases preconceituosas que já ouviram: “Para uma negra, você é até bonita”, “Como você faz para lavar esse cabelo?”, “Você sabe ler?”, “Você tem sorte de ser negro, nem precisa estudar para passar no vestibular”

Por Maíra Streit na Revista Fórum

A estudante de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB) Lorena Monique resolveu trazer à tona a discussão sobre o racismo presente no dia a dia acadêmico. Inspirada na campanha organizada por alunos negros e negras da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, Lorena desenvolveu um ensaio fotográfico com pessoas que transitavam pelo campus e pediu que elas posassem com frases preconceituosas que já ouviram.

“Para uma negra, você é até bonita”. “Como você faz para lavar esse cabelo?”. “Você sabe ler?”. “Você tem sorte de ser negro, nem precisa estudar para passar no vestibular”. Essas são algumas das mensagens trazidas nas fotografias, reunidas no tumblr #AHBRANCODAUMTEMPO. Com a repercussão do trabalho, iniciado com a disciplina de Antropologia Visual, a estudante já tem vários convites para montar uma exposição e conta ter recebido mensagens de apoio de gente de todo o país parabenizando a iniciativa.

A ideia é mostrar como a discriminação, mesmo que de forma velada, tem consequências devastadoras para quem passa por isso todos os dias. “Apesar de que, na visão de quem pratica a ação, seja ‘só uma brincadeira’, ‘uma observação’, ‘uma tentativa de ajudar’, para quem sofre cotidianamente é como repisar uma ferida ainda não cicatrizada”, explica a idealizadora do projeto.

Ela conta que o nome da campanha gerou polêmica, mas que o objetivo era justamente fazer com que os brancos repensassem os seus privilégios na sociedade e evitar a visão de que a população negra se “vitimiza” por destacar esse tipo de problema.

“As pessoas tentam passar a imagem de que o país é tolerante com as diferenças e que o negro é vitimista porque ‘só sabe reclamar’, ou que encara ‘tudo como racismo’. Eles não estão a fim de discutir seus lugares de privilégio na sociedade, porque ser uma pessoa de pele branca no Brasil é estar em um lugar de poder simbólico (subjetivo e objetivo), o que quer dizer estar em uma posição de poder. (Querendo ou não) ser branco te faz ter prestígio”, ressalta.

Confira abaixo algumas fotos do ensaio:

n1 n2 n3 n4 n5 n6 n7 n8 n9 n10 n11 n13 n15

+ sobre o tema

Racismo de superfície e de profundidade

por Juremir Machado da Silva O que seria um racismo...

Não existe monopólio sobre racismo, tampouco o “racismo reverso”

A questão racial tem sido centro de acalorados debates....

Racismo pode ser o motivo de uma série de crimes envolvendo policiais

O jovem, Eduardo, se envolveu em uma briga, com...

para lembrar

Juízes europeus poderão paralisar jogos em casos de racismo

Além de ratificar um plano de ação contra...

Mister M vascaíno avisa que mágica seria ideal: ‘Acabar com o racismo’

Um dos símbolos da torcida vascaína, o Mister M...
spot_imgspot_img

PM afasta dois militares envolvidos em abordagem de homem negro em SP

A Polícia Militar (PM) afastou os dois policiais envolvidos na ação na zona norte da capital paulista nesta terça-feira (23). A abordagem foi gravada e...

‘Não consigo respirar’: Homem negro morre após ser detido e algemado pela polícia nos EUA

Um homem negro morreu na cidade de Canton, Ohio, nos EUA, quando estava algemado sob custódia da polícia. É possível ouvir Frank Tyson, de...

Denúncia de tentativa de agressão por homem negro resulta em violência policial

Um vídeo que circula nas redes sociais nesta quinta-feira (25) flagrou o momento em que um policial militar espirra um jato de spray de...
-+=