A criação do universo à luz dos africanos

O grupo Afaia Bambaré – Arte e Cultura Negra apresenta o espetáculo teatral “Èmí – A concepção yorubana do universo”, que estreou em 1990 e agora ganha remontagem. A volta aos palcos foi possível com recursos do I Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, uma iniciativa do Ministério da Cultura (MinC), em parceria com a Fundação Palmares e o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon), com patrocínio da Petrobras.

“Èmí”, na linguagem yorubá, significa “vida” e o grupo pretende mostrar justamente como todo o cosmos foi criado, a partir dos preceitos do povo Yorubá, que crê nas trocas que ocorrem entre os seres vivos e a natureza ao redor.

A nova versão do espetáculo foi reescrita, com textos do babalorixá e compositor Edson Catendê, e algumas adaptações contextuais também foram reformatadas. O objetivo é mostrar a concepção do universo tal como acredita o povo yorubá, natural da Nigéria, na África.

“Muitas pessoas não conhecem a concepção elaborada pelos africanos, com os princípios e tradições de lá”, diz Edson.

O assistente de direção Amilton Sá Barretto destaca o que mudou no espetáculo. “Procuramos esquecer a primeira versão. Então, contextualizamos cenas, cortamos uma parte do texto, fizemos outros figurinos e pensamos em trilha sonora e cenários diferenciados”, expõe.

Na peça, não há, contudo, menções explícitas à religiosidade dos yorubás. Os rituais e processos religiosos dos africanos foram suprimidos do roteiro do espetáculo propositalmente, para preservar a ideia de religião.

“Não levamos o aspecto ritualístico religioso para o palco, para não folclorizar a crença. Preferimos abordar o lado filosófico e fugimos um pouco também da questão histórica para explorar os elementos cósmicos, o universo, as energias”, diz o assistente de direção, afirmando que o mais importante é retratar como essas energias formadoras do universo criaram também o homem.

Resgatar as origens dessa crença também é importante para o grupo. “Ninguém procura retratar o mundo a partir da África. Queremos mostrar a história e a tradição de um povo, respeitar a diversidade”, diz Edson Catendê.

O caráter transcendental da crença é o destaque na peça, já que Olodumare, o senhor criador de todas as essências, permite que os seres aprendam um com outro, na medida que cada um faz parte de um todo e os ciclos de nascimento, desenvolvimento e morte não dependem apenas de um ser, mas sim da interação de todos os elementos. “Mostramos a insurgência dos seres, a forma como eles receberam o universo harmônico e perfeito, mas não souberam aproveitar”, completa Amilton.

SERVIÇO

Estreia do espetáculo “Èmí – A concepção yorubana do universo”. Amanhã (21), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur (Av. Gentil Bittencourt, 650, Nazaré). Dia 22 e de 26 a 29/10, a peça será encenada no Teatro da Fundação Curro Velho (Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287, Telégrafo). Entrada franca. Informações: 3248-5828. (Diário do Pará)

 

 

Fonte: Diário do Pará

-+=
Sair da versão mobile
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.