Ainda não acabou. Vacina para todas e todos já!

Enviado por / FonteEcoa, por Anielle Franco

No Rio de Janeiro o ano começou com aumento de casos de Covid-19, o carnaval de rua adiado e uma notícia boa: o início da vacinação em crianças de 5 a 11 anos de idade a partir da próxima semana. Eu que tive o privilégio de passar o recesso de fim ano recolhida junto à minha família senti mais uma vez o medo que me tomou durante toda a pandemia. Será que tantas pessoas testando positivo pode representar um risco de hospitais lotados? Minhas filhas ainda não estão vacinadas e a escola em breve voltará — essa nova variante não é um risco para nossas crianças?

De repente tudo voltou e os cuidados que eu havia flexibilizado nos últimos meses, após tomar todas as doses da vacina, precisaram ser repactuados em casa. Ao mesmo tempo que conversava com meu marido e minhas duas filhas sobre a importância de não diminuirmos os cuidados, na TV assistia a ataques de representantes do governo àquilo que tenho de mais valioso: a vida das minhas crianças, e de milhares de crianças brasileiras.

Após uma consulta pública totalmente desnecessária e uma audiência que só serviu para, mais uma vez, afirmarmos o que todos já estão cansados de saber — vacinas são seguras e salvam vidas — o presidente e seu governo passaram a espalhar desinformação sobre a vacinação de crianças e o real estado da pandemia para esse grupo que é um dos mais vulnerabilizados que temos e que tanto precisa de proteção.

Ao dizer que não há registro de mortes de crianças por Covid-19 no Brasil o presidente ignora o fato de que de janeiro a novembro de 2021, no auge da pandemia em nosso país, 2.917 crianças de 5 a 11 anos de idade foram hospitalizadas com Covid-19. Dessas, 25% precisaram ser internadas em Unidades de Terapia Intensiva e 4,87% evoluíram para óbito. Ao todo, desde o início da pandemia, em 2020, foram 308 crianças que perderam a vida por uma doença que poderia ter sido controlada, se não fosse um governo federal negacionista e disseminador de mentiras.

Como mãe de uma menina que na última semana completou seis anos de vida, e portanto em breve será uma das crianças que poderão se beneficiar da vacina, tudo que quero hoje é poder ter a segurança que minha filha retornará às aulas, mesmo com uma nova variante altamente contagiante. Tudo que quero é não precisar sofrer por ter uma pessoa amada em um hospital, como foi com a internação do meu pai, Antônio, em 2020.

Hoje, entre as doenças em território nacional para as quais já temos vacinas aprovadas e disponíveis, a Covid-19 é a doença que mais matou crianças. Temos um sistema de saúde capaz de vacinar milhares de pessoas em um único dia, temos que usar isso a nosso favor. É preciso campanhas, músicas, danças e uma grande mobilização por parte da sociedade brasileira para garantir que nossas crianças e seus responsáveis irão comparecer aos postos de vacinação.

O Brasil já perdeu muito nessa pandemia. Não só milhares de vidas, mas também o sentimento de esperança em nós mesmos e naquilo que acreditamos em alguns momentos. Vimos como é fácil a incerteza tomar conta de nossas vidas, não sabermos se estaremos vivos no dia seguinte ou sem sequelas de uma doença que ainda irá nos assombrar. Não podemos permitir que aqueles que representam o nosso futuro corram risco. Queremos nossas crianças vivas e protegidas. Nem tudo está perdido. Reafirmar o pacto coletivo que é a vacinação para todos irá significar a renovação da esperança em nossas crianças, a renovação da esperança em nosso futuro.

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