Algumas escritoras fora do eixo Europa-Américas que você deveria conhecer. Por Luísa Gadelha

Recentemente, a escritora bielorrussa Svetlana Alexievich ganhou notoriedade no Brasil após receber o prêmio Nobel de Literatura em 2015.

Por  Luísa Gadelha Do DCM

Svetlana, que escreveu sobre as mulheres soviéticas na Segunda Guerra Mundial e sobre a invasão soviética no Afeganistão, acabou de ter seu primeiro livro editado no Brasil, pela Companhia das Letras, Vozes de Tchernóbil, em que narra as trágicas consequências da explosão da usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia, em 1986, que expôs pessoas, plantas e animais à intensa radiação liberada.

Há uma série de outras escritoras, de origem asiática e africana, que têm sido publicadas em português e que merecem a leitura. Eis a sugestão de algumas delas.

Xinran

Escritora chinesa que vive atualmente na Inglaterra, Xinran possuía um programa de rádio na China, onde ouvia diariamente os problemas das mulheres chinesas. Baseado nas histórias que conheceu, escreveu seu primeiro livro, As boas mulheres da China, sobre a condição feminina na China atual.

Pungente e tocante, As boas mulheres da China traz histórias tristes e desoladoras de mulheres que perderam tudo, ou que vivem em condições de miséria. Outro livro seu, As filhas sem nome, conta a história de três irmãs chinesas do interior que, devido à decepção do pai em só ter filhas mulheres, não possuíam nomes, e eram chamadas pela ordem de nascença: Um, Dois, Três, Quatro, Cinco e Seis. Aqui, Xinran fala da experiência de Três, Cinco e Seis quando partem para trabalhar na cidade.

Jung Chang

Também chinesa residente na Inglaterra, em Cines Selvanges Jung Chang conta a história de três gerações de mulheres: sua avó, sua mãe e ela própria, passando pela história da China, da ocupação japonesa na Manchúria à revolução cultural de Mao Tsé-Tung.

Banana Yoshimoto

Japonesa, Banana Yoshimoto adotou o pseudônimo de “Banana” em homenagem às flores de bananeira. Fez sucesso desde seu livro de estreia, Kitchen, quando ainda era universitária. Recentemente, a Estação Liberdade relançou um de seus romances, Tsugumi.

Natsuo Kirino

Japonesa, Natsuo Kirino tem dois suspenses publicados no Brasil. Em Grotescas, a narradora, conhecida por sua feiura exímia, relembra o assassinato de duas prostitutas, uma delas sua irmã, que era seu oposto em matéria de beleza. Já em Do outro lado, quatro mulheres que trabalham numa fábrica de alimentos processados assassinam o marido de uma delas, desmembram o corpo e o escondem. Dois romances mórbidos, mas interessantíssimos.

Nnedi Okorafor

Nnedi Okorafor é uma escritora americana de origem nigeriana premiada por seus livros infanto-juvenis. Seu primeiro romance “adulto”, Quem teme a morte, ganhou o prêmio World Fantasy Award de melhor romance em 2011. A história é intrigante e inovadora: uma distopia na qual uma heroína africana com superpoderes foi escolhida para salvar a humanidade. Quem teme a morte é seu único livro publicado em português.

Chimamanda Adichie

Chimamanda também é nigeriana e tem três romances premiados, um dos quais virou filme (Meio Sol Amarelo). Chimamanda fala do cotidiano nigeriano e um de seus romances traz o racismo como tema (Americanah). Tem duas palestras famosas no TED Talks (O perigo da história única e Sejamos todos feministas).

Ayaan Hirsi Ali

Escritora somali, Ayaan foi eleita deputada no parlamento holandês e é conhecida por sua luta pelos direitos da mulher muçulmana, o que lhe rendeu ameaças de morte. Em sua autobiografia Infiel, Ayaan conta sua infância de surras e espancamentos frequentes e os anos de peregrinação de sua família, tendo passado pela Arábia Saudita, Etiópia e Quênia.

Nadifa Mohamed

Nadifa Mohamed é somali e teve um de seus romances publicados recentemente no Brasil. O pomar das almas perdidas se passa em Hargeisa, na Somália, e conta a história de três mulheres diferentes: uma garota órfã, uma soldada e uma viúva, cujos destinos se cruzam.

Jhumpa Lahiri

Com 48 anos, a escritora britânica de origem indiana Jhumpa Lahiri tem uma vasta obra de coletâneas de contos e romances. Em 2000, foi vencedora do Prêmio Pulitzer de Ficção pelo livro Intérprete dos Males, cujos contos são voltados para temas como “o exílio, a saudade, o desarraigamento, a inadequação, a esperança e a adaptação”.

Malala Yousafzai

Paquistanesa, pacifista e ativista, Malala lançou, em 2014, seu relato Eu Sou Malala, em que conta como levou um tiro, com apenas 15 anos de idade, do Talibã no Paquistão por defender o direito das mulheres ao estudo. Em 2014, Malala foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz.

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