Back2Black em Londres gera encontros inspirados

 
A primeira edição do Back2Black (B2B) em Londres promoveu encontros inspirados entre músicos brasileiros e africanos, resgatou criadores fundamentais de variados estilos, surpreendeu ao apostar em bons artistas em início de carreira e, como em outros festivais de mesmo porte, cometeu equívocos na seleção.
 
Em parceria com o centro cultural inglês Barbican, o evento de R$ 3 milhões recebeu cerca de 7.700 pessoas para assistirem a mais de 30 atrações, entre shows e palestras, num antigo mercado às margens do rio Tâmisa, entre sexta e domingo.
 
A curadoria, segundo Connie Lopes, idealizadora do B2B, seguiu o mesmo critério da matriz carioca: apresentar a música contemporânea da África e a que é feita nos países da diáspora africana, além de promover encontros.
 
A união do cantor Criolo com o instrumentista etíope Mulatu Astatke foi a síntese dessa proposta, que rendeu a melhor performance do sábado, rivalizando em popularidade com Gilberto Gil.
 
Com sua postura messiânica, Criolo superou a barreira da língua (não fala inglês) e conduziu a plateia mista, de brasileiros e europeus, como se num palco paulistano.
 
Emocionado pelo primeiro encontro com uma de suas referências, Criolo interpretou hits como “Não Existe Amor em SP” e celebrou Astatke. O jazzista etíope participou de quatro músicas do brasileiro e apresentou três suas.
 
Após a apresentação, Mulatu Astatke disse à Folha que estava tomado pela energia de Criolo. Para sorte dos brasileiros, o encontro vai se repetir em agosto, no Rio.
 
Outra bela reunião foi a de Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra com o malinês Toumani Diabaté, retomando a parceria do disco “A Curva da Cintura” (2011). Virtuose num objeto tradicional do Mali, a kora, Diabaté sintonizou-se na vibração dos dois.
 
CLÁSSICOS E NOVIDADES
 
Um elenco de artistas pioneiros em seus estilos promoveu momentos memoráveis.
 
O jamaicano Linton Kwesi Johnson e o produtor Dennis Bovell, de Barbados, mostraram parceria de 30 anos. O sul-africano Hugh Masekela, mesclando jazz com ritmos tradicionais da África do Sul, fez show bem-humorado.
 
A prata da casa nacional, com Luiz Melodia, Jorge Ben Jor e Gil, levou importantes instrumentistas ao palco, agradou brasileiros e impressionou os gringos, apresentando, cada um deles, seu repertório clássico de MPB.
 
Notas dissonantes foram Marcelo D2 e Macy Gray, ambos atrações da última sexta.
 
D2 fez um show longo, repetindo a ladainha da “busca da batida perfeita” entre o samba e o rap. Os músicos que o acompanham tocam impecavelmente, mas pesa o seu repertório soar datado.
 
Já Macy Gray, nem mesmo com banda grandiosa compareceu. Sua voz continua indefectível, mas sua criação pouco se renovou.
 
O festival faz sua quarta edição no Rio, de 24 a 26 de agosto, na Estação Leopoldina. Além de Criolo e Mulatu Astatke, estão confirmados a cantora Jill Scott, o sul-africano Hugh Masekela, os malineses Amadou e Mariam e Fatoumata Diawara, o rapper somali K’naan e a intérprete guineense Concha Buika.
 
 
Fonte: Jornal Floripa

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