Barbie não me representa

A trajetória de luta de mulheres negras que a história oficial quis ocultar

Esperança Garcia, Maria Firmina dos Reis, Enedina Alves Marques, Antonieta de Barros. Mais do que gênero e raça, elas têm em comum o fato de terem aberto caminho ao escreverem páginas relevantes da história que a história oficial quis ocultar.

No século 18, no Piauí, Esperança Garcia redigiu uma carta (considerada a primeira petição escrita por uma mulher negra) denunciando maus tratos sofridos pelos escravizados como ela e seus filhos.
Do Maranhão, Maria Firmina dos Reis foi a primeira romancista brasileira a ter um livro publicado no país. A obra “Úrsula”, de 1859, tinha como enredo o abolicionismo. Em 1888, ano da abolição, ela compôs o “Hino da Libertação dos Escravos”.

Enedina Alves Marques foi outra precursora: nascida em 1913, tornou-se a primeira engenheira do país e a primeira mulher a obter um diploma de curso superior no Paraná. Criada pela mãe, que trabalhava como escravizada doméstica, Antonieta de Barros (1901), de Santa Catarina, foi professora, jornalista, escritora e a primeira deputada estadual negra do Brasil.

Como elas, muitas outras personagens pouco ou nada conhecidas são importantes para entender as conquistas e a trajetória de luta das mulheres negras por direitos, equidade e justiça.

Para dar visibilidade ao enfrentamento ao racismo e ao sexismo, há 31 anos, em 25 de julho, um grupo de mulheres reuniu-se na República Dominicana. Nascia o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, marco da resistência à opressão de gênero e raça.

Por aqui, onde pretas e pardas são a maioria entre os trabalhadores domésticos e despontam como público mais afetado em todos os índices de desigualdades, a data é também Dia Nacional de Tereza de Benguela – a “Rainha Negra do Pantanal”, líder que se destacou por instituir uma espécie de parlamento no quilombo do Quariterê (MT).

Pelas que me antecederam e para as que irão me suceder, digo: Barbie não me representa.

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