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    Camila Moura de Carvalho: Por que o feminismo negro?

    Djamila Ribeiro – Filósofa e Escritora “Não é preciso ser negro para se engajar na luta antirracista” (Foto: Victor Affaro)

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    A importância da proteção de defensores e defensoras de direitos humanos 

    Ilustração/ Thaddeus Coates

    Quando eu descobri a negritude

    Bianca Santana - Foto: João Benz

    Queremos uma presidenta em 2022!

     A24 Studios/Reprodução

    O Homem Negro Vida

    A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala prepara seu discurso após ser nomeada, em sua casa de Potomac, Maryland. (Foto: ERIC BARADAT / AFP)

    A nigeriana Ngozi Okonjo-Iweala será a primeira mulher africana a dirigir a OMC

    (Foto: Divulgação/ Editora ContraCorrente) 

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      Zilda Maria de Paula (à esq.), líder das mães de Osasco e Barueri, conversa com Josiane Amaral, filha da vítima Joseval Silva Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

      Defesa de réus de chacina tenta desacreditar mães de vítimas, diz defensora

      Foto: Reprodução/ TV Globo

      Carol Conká, a Karabá do BBB

      Bianca Santana, jornalista, cientista social e pesquisadora - Foto: Bruno Santos/Folhapress

      Notícia sem contexto contribui para o genocídio negro no Brasil, afirma pesquisadora

      Alice Hasters (Foto: Tereza Mundilová/ @terezamundilova)

      Alice Hasters – Por que os brancos gostam de ser iguais

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      Família diz que menino morto no Rio foi retirado da porta de casa pela PM

      Foto: Diêgo Holanda/G1

      Perigo: ele nasceu preto

      Foto: Ari Melo/ TV Gazeta

      Moradores carregam corpos e relatam danos psicológicos após ações da PM na Baixada Fluminense

      Keeanga-Yamahtta Taylor (© Don Usner)

      O que o Black Lives Matter diz ao mundo e ao Brasil

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      Brasil segue no topo de ranking de assassinatos de pessoas trans no mundo

      Maíra Vida: Advogada, Professora, Conselheira Estadual da OAB BA e Presidenta da Comissão Especial de Combate à Intolerância Religiosa (Foto: Angelino de Jesus)

      Do crente ao ateu, não faltam explicações para o racismo religioso no Brasil

      Foto: Deldebbio

      Prefeito de Duque de Caxias é investigado por intolerância religiosa a crenças de matriz africana

      FÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES

      Após ser alvo de ataques transfóbicos e racistas, Érika Hilton irá processar 50 pessoas

      A parlamentar Laetitia Avia propôs a nova nova lei, enquanto o primeiro-ministro Jean Castex foi ridicularizado por seu sotaque (GETTY IMAGES)

      Por que a França pode criminalizar a discriminação pelo sotaque

      Adolescente de 16 anos foi espancada pelo pai por ser lésbica, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civi

      Adolescente é espancada pelo pai na BA e relata que motivo é ela ser lésbica; avó da vítima denunciou homem à polícia

      (Jonathan Alcorn/AFP/)

      Painel trata combate ao racismo como exercício de cidadania e justiça

      Imagem: Geledes

      Racismo Estrutural – Banco é condenado a indenizar cliente por discriminação racial

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        Websérie “O pequeno herói preto” é lançada no Youtube

        Mary Aguiar (Foto: Imagem retirada do site Bahia.ba)

        Mary Aguiar, primeira juíza negra do país, morre aos 95 anos

        Chiquinha Gonzaga aos 47 anos, em 1984 (Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Ciquinha Gonzaga)

        Negritude de Chiquinha Gonzaga ganha acento em exposição em São Paulo

        Edusa Chidecasse (Foto: Reprodução/ @tekniqa.studios)

        Websérie Bantus entrevista atriz angolana

        Itamar Assumpção/Caio Guatalli

        Itamar Assumpção para crianças

        Lula Rocha, expoente do movimento negro do Espírito Santo - Arquivo pessoal

        Morte: Agregador, articulou cultura e educação no movimento negro

        Chiquinha Gonzaga  Acervo Instituto Moreira Salles/Coleção Edinha Diniz/Divulgação

        Itaú Cultural abre a série Ocupação em 2021 com mostra dedicada à maestrina Chiquinha Gonzaga

        Vacinação contra a Covid-19 dos Quilombolas da comunidade Sucurijuquara, região isolada do Distrito de Mosqueiro, no Pará (Foto: FramePhoto / Agência O Globo)

        Covid-19: maioria da população, negros foram menos vacinados até agora

        Osaka comemora título do Austraçlian Open após vitória contra Brady (Foto: ASANKA BRENDON RATNAYAKE / REUTERS)

        Osaka conquista Australian Open e chega ao 4º título de Grand Slam

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              Bem no meio da encruzilhada

              23/10/2020
              em Artigos e Reflexões
              Tempo de leitura: 5 min.

              Fonte: Congresso em Foco, por Vanda Machado
              "Qual é o cognitivo da sociedade em relação ao afrodescendente a nossa cultura, nossa história e religião?" (Foto: Mariana Maiara)

              "Qual é o cognitivo da sociedade em relação ao afrodescendente a nossa cultura, nossa história e religião?" (Foto: Mariana Maiara)

              “Nosso medo mais profundo não é sermos inadequados. Nosso medo mais profundo é de sermos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão o que mais assusta.”

              Nelson Mandela

              Diante do controle moralizante da sociedade que permite classificar e punir, indagamos: quem somos nós? Qual é a verdadeira participação do povo negro na formação da nação brasileira? Qual é o cognitivo da sociedade em relação ao afrodescendente a nossa cultura, nossa história e religião? Quem vai contar a verdadeira história que nos liberta?

              O racismo não tem a ver com a questão das diferenças. O que leva ao racismo é o medo que o diferente se torne parecido, ameaçando identidades e transgredindo nos espaços da suposta democracia racial. Dizendo de outra forma, o que assusta a sociedade branca é o negro poder mostrar-se com todo seu potencial de ser.

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              Sequestrados do continente africano, negras e negros foram mandados para as plantações e para as minas. Transformados em máquinas humanas serviram de base para a construção panóptica da sociedade brasileira.

              Entendendo como Foucault, a formação da sociedade é disciplinar e está ligada a processos históricos que legitimam o racismo estrutural. Com a vigilância das leis, nossos ancestrais foram proibidos de frequentar a escola e possuir terras. Logo o antagonismo foi estabelecido no sentido de tornar o afrodescendente intencionalmente inferior.

              É possível que o ponto fundamental de tudo fosse a consciência da adulteração de uma cultura diferenciada e de um conhecimento exemplar que não se opunha à ciência do colonizador. A ideia se mantem, vigiar é preciso e qualquer mudança pode ser fatal se o negro ficar parecido com o branco

              Cada momento histórico, no entanto, revela, no seu interior, referência para manutenção dos lugares enquanto a realidade total vai mudando. As referências, por sua vez, estão contidas nos processos econômicos, jurídicos, políticos e científicos que regulam tanto a educação como o direito que ganham realidade e estratégias capazes de manter a “ordenação das multiplicidades humanas”, legitimando caminhos estabelecidos para manter encaixado cada um no seu lugar. Não há nada de excepcional e qualquer sistema de poder se coloca com o mesmo problema. O que muda, no caso da sociedade brasileira, é o modo como foram construídos a aculturação, o racismo estrutural e seus efeitos.

              Milhares de etnias foram incorporadas à macroeconomia lusitana como um vasto “proletariado externo” nas condições mais espoliativas para a expansão do domínio europeu nas Américas. Em verdade, o processo não tem sido simples, diante da luta do povo negro pela manutenção dos seus valores ontológicos, dos seus costumes e da sua prática religiosa, isto quando não preferiam fugir arriscando-se a morte pela liberdade.

              Histórias de luta e de liberdade, no entanto, têm sido alinhavadas pela narrativa oficial num contínuo processo de exclusão. Desconhecer esse mecanismo seria ficar na periferia dos eventos, seria ignorar a política das nações europeias e as políticas econômicas que se articularam organicamente com o corpo da doutrina econômica que se desenvolveu e fez a expansão ultramarina acontecer. Também não pode ser desprezado o papel da religião oficial, da igreja que se tornou o maior aliado do sistema escravagista monopolizador de terras. Nesse sentido, o grande feito do sistema foi manter as relações políticas e econômicas do capitalismo de tal modo que pudesse garantir a reprodução da sociedade. Daí que, para Milton Santos, “os atores hegemônicos da vida econômica, social e política podem escolher os melhores lugares para sua atuação e, em consequência, a localização dos demais atores é condenado a ser residual.”

              Isso tem ressonância na reprodução social da vida na fábrica, na escola, na igreja, no quartel e em outras esferas da sociedade produzindo, ainda com mais zelo, as funções de negros e funções de branco. É preciso manter o negro à distância custe o que custar. É preciso barrar o negro. Parecido é a palavra-chave.

              Este é o núcleo do tenso universo social no qual negro aparece como um problema para si mesmo e para o branco. Todos os cuidados são tomados para que não haja mistura. Tanto no Brasil como em outras nações americanas, o elemento desagregador que provoca as tensões e consequentes desigualdades é o mesmo: o racismo e as múltiplas exclusões que calcificam a sociedade.

              Paralelamente às experiências negativas, cabem sinais de luta e esperança por políticas públicas e reparadoras. Cabem ações que correspondam a agendas efetivas contra as desigualdades sociorraciais. As cotas, a consciência histórica e as lutas da sociedade civil são atos impeditivos de uma implosão social além de contribuir para fazer pulsar um novo tempo parido de um fórceps, mas pode ser um caminho ou pelo menos uma trilha.

              Finalizando esta prosa, aproveito para me apresentar embora tardiamente. Eu sou Vanda Machado, mulher preta, filha de Oxum e Ogun, Iya Egbé do Ilê Axé Opo Afonjá na Bahia. A minha fala é menos acadêmica. Eu trago a fala das encruzilhadas. Fala que representa toda a diversidade, onde tudo se organiza e desorganiza. Falo do lugar onde todas as coisas se relacionam e se complementam. Falo do lugar terreiro onde milhares de etnias se re-uniram como família ancestral única. Nas encruzilhadas, estamos nos acotovelando, mas estamos juntos.

              Hoje o que parece subserviência também pode ser classificado como resistência. Já se foi o tempo em que o negro participava de cortejos como peça que justificava a situação econômica do seu senhor. Hoje a nossa presença em qualquer lugar público ou privado significa viver a nossa alteridade. E mesmo vigiados, o nosso lugar por escolha é a encruzilhada onde todos os caminhos se cruzam deixando estradas e passagens livres como linhas de fuga para a igualdade sociorracial.

              Vanda Machado

              Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia, graduada em História pela Universidade Católica de Salvador. Professora colaboradora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, tendo vários livros e artigos publicados ao longo de sua carreira. Criou o Projeto Político Pedagógico Irê Ayó na Escola Eugênia Anna dos Santos do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, propiciando o reconhecimento da escola como referência nacional por parte do Ministério da Educação. Com trajetória acadêmica dedicada à história e à cultura afro-brasileira, educação das relações étnico/racial, currículos e cultura, vem realizado consultorias, palestras, conferências em vários estados brasileiros e no exterior – Bélgica, Portugal, Nigéria, Cuba e Argentina. É membro da RENAFRO – Rede de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, tendo participado como roteirista do vídeo “O Cuidar nos Terreiros e Saúde”. Entre os projetos pedagógicos sobre sua direta coordenação lista-se o Projeto Irê Ayó em comunidades quilombolas (Ministério da Cultura/SECULT/Fundação Palmares) e o Projeto Capoeira para a Paz – Formação para Capoeiristas Educadores (IPAC/SECULT).

               

              Fonte: Congresso em Foco, por Vanda Machado
              Tags: Desigualdade racialdesigualdade socialracismo religiosoreligiões de matriz africana
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              • Para fechar fevereiro, a coluna Nossas Histórias vem com a assinatura da historiadora Bethania Pereira, que nos convida a pensar sobre as camadas de negação da história do Haiti. Confira um trecho do artigo do artigo"O Pioneirismo haitiano nas lutas pela liberdade no Atlântico"."A partir de 1824, o presidente Jean-Pierre Boyer passou a oferecer terras e cidadania para os imigrantes exclusivamente negros, vindos dos Estados Unidos. Ao chegar no Haiti, as pessoas teriam acesso a um lote de terra, ferramentas e, após um ano, receberiam a cidadania haitiana. A fim de fazer seu projeto reconhecido, Boyer enviou Jonathas Granville como seu representante oficial para os Estados Unidos. Lá, Granville pode se reunir com afro-americanos de diferentes locais mas, aparentemente, foi na cidade de Baltimore, onde ele participou de reuniões na African Methodist Episcopal Church – Bethel [Igreja Metodista Episcopal Africana] e pode se encontrar com homens e mulheres negros e negras. Acesse o material na íntegra em: A Coluna Nossas Histórias é parceria entre a Rede de HistoriadorXs NegrXs, o Geledés e o Acervo Cultune #Haiti #Liberdade #Direitos #SéculoXIX #HistoriadorasNegras #NossasHistórias.
              • #Repost @naosomosalvo • • • • • • A @camaradeputados, o @senadofederal e o @supremotribunalfederal precisam frear a política armamentista da Presidência da República, que coloca em risco nossa segurança e nossa democracia. 72% da população brasileira é contrária à proposta do governo de que é preciso armar a população: precisamos unir nossas forças e vozes contra esses retrocessos! Pressione agora: www.naosomosalvo.com.br As armas que a gente precisa são as que não matam.
              • No próximo sábado, dia 27 de fevereiro, às 17h, as Promotoras Legais Populares- PLPs, realizam uma live para falar sobre ações e desafios durante a pandemia, no canal do YouTube de Geledés Instituto da Mulher Negra.
              • Abdias Nascimento, por Sueli Carneiro “Sempre que penso em Abdias Nascimento o sentimento que me toma é de gratidão aos nossos deuses por sua longa vida e extraordinária história fonte de inspiração de todas as nossas lutas e emblema de nossa força e dignidade. A história política e a reflexão de Abdias Nascimento se inserem no patrimônio político-cultural pan-africanista, repleto de contribuições para a compreensão e superação dos fatores que vêm historicamente subjugando os povos africanos e sua diáspora. Abdias Nascimento é a grande expressão brasileira dessa tradição, que inclui líderes e pensadores da estatura de Marcus Garvey, Aimé Cesaire, Franz Fannon, Cheikh Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Patrice Lumumba, Kwame Nkruman, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Steve Biko, Angela Davis, Martin Luther King, Malcom X, entre muitos outros. A atualidade e a justeza das análises e das posições defendidas por Abdias Nascimento ao longo de sua vida se manifestam contemporaneamente entre outros exemplo, nos resultados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em setembro de 2001, em Durban, África do Sul, que parecem inspiradas em seu livro O Genocídio do Negro Brasileiro (1978) e em suas incontáveis proposições parlamentares.Aprendemos com ele tudo de essencial que há por saber sobre a questão racial no Brasil: a identificar o genocídio do negro, as manhas dos poderes para impedir a escuta de vozes insurgentes; a nos ver como pertencentes a uma comunidade de destino, produtores e herdeiros de um patrimônio cultural construído nos embates da diáspora negra com a supremacia branca em toda parte. Qualquer tema que esteja na agenda nacional sobre a problemática racial no presente já esteve em sua agenda política há décadas atrás, nada lhe escapou. Mas sobretudo o que devemos a ele é a conquista de um pensar negro: uma perspectiva política afrocentrada para o desvelamento e enfrentamento dos desafios para a efetivação de uma cidadania afrodescendente no Brasil, o seu mais generoso legado à nossa luta.” 📷Romulo Arruda
              • #Repost @brazilfound • • • • • • InstaLive Junte-se a nós para uma conversa com Januário Garcia, ícone da história do movimento negro no Brasil, enquanto celebramos o mês da história negra (Black History Month).⁠ ⁠ 📆: Terça-feira, 23 de fevereiro ⁠ ⏱: 18 hs horário de Brasília⁠ 📍: Instagram da BrazilFoundation (@brazilfound)⁠ ⁠ Fotógrafo brasileiro, Januário Garcia há mais de 40 anos vem documentando os aspectos social, político, cultural e econômico das populações negras do Brasil. Formado em Comunicação Visual, passou por prestigiados jornais e grandes agências de publicidade do Rio de Janeiro e é autor das fotos de álbuns icônicos de artistas consagrados. ⁠ ⁠ Januário participa de importantes espaços de memória, arte e cultura do povo negro; é co-fundador do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras, é membro do Conselho Memorial Zumbi e, atualmente, Presidente do Instituto Januário Garcia, um Centro de Memória Contemporâneo de Matrizes Africanas.⁠ ⁠ *⁠ #BrazilFoundation #mêsdahistórianegra #blackhistorymonth #januáriogarcia #brasil @januariogarciaoficial
              • Hoje é o dia nacional de luta por um auxílio emergêncial de 600 reais até o fim da pandemia! Fortaleça em todas as redes: #AuxilioEmergencial600reais #AteOFimDaPandemia #VacinaParaTodesPeloSUS Acompanhe os atos: https://coalizaonegrapordireitos.org.br/ato-nacional-pelo-auxilio-emergencial/
              • "As estratégias de liberdade desempenhadas pelos escravizados tiveram muitas dinâmicas. Em algumas oportunidades, era a carta de alforria o recurso daqueles que buscavam conquistar a saída da escravidão." Leia o artigo do historiador Igor Fernandes de Alencar, para a coluna
              • "Os ares colonizatórios destroem nossos pulmões. A população negra no mundo vem sendo asfixiada desde o processo de escravidão que mortificou as almas e os corpos do povo negro para dar “vida” a um novo modo de existência que podem ser compreendidos como mutações coloniais." Leia o Guest Post de Francélio Ângelo de Oliveira em www.geledes.org.br
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              Geledés Instituto da Mulher Negra

              GELEDÉS Instituto da Mulher Negra fundada em 30 de abril de 1988. É uma organização da sociedade civil que se posiciona em defesa de mulheres e negros por entender que esses dois segmentos sociais padecem de desvantagens e discriminações no acesso às oportunidades sociais em função do racismo e do sexismo vigentes na sociedade brasileira.

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