Beyoncé canta Tina Turner em espetáculo futurista da nova turnê ‘Renaissance’

Primeiro show da série em Londres oscilou entre tom onírico e tecnológico, exibindo talento da rainha do pop e do R&B

FONTEFolha de São Paulo, por Anna Carolina Rodrigues
A cantora Beyoncé em show de sua atual turnê, 'Renaissance' - Divulgação

Numa performance brilhante, Beyoncé fez o primeiro de seus cinco shows em Londres nesta segunda-feira no estádio Tottenham Spurs, como parte de sua aguardada turnê “Renaissance”, a partir do álbum de mesmo nome lançado no ano passado.

Durante quase duas horas e meia de show, a superestrela cativou uma plateia maravilhada com seu talento, incluindo uma homenagem a Tina Turner, diva do rock’n’roll morta na última semana. A apresentação teve vocais impecáveis, looks bafônicos e braços robóticos dançarinos, reafirmando seu status como rainha do pop e do R&B.

Com repertório dividido em seis atos, é possível curtir todas as faixas do último álbum na ordem, intercaladas com vários outros hits de sua carreira como “Crazy in Love”, “Run The World (Girls)” e “Love on Top”.

Assim como nos shows prévios da turnê, a setlist começou com “Dangerously in Love”primeiro single solo que a ex-integrante do grupo Destiny’s Child lançou há 20 anos. Em meio à fumaça e fundo de nuvens, a cantora surgiu de um alçapão com um vestido azul esvoaçante, como quem convida para o início de um sonho. No meio da canção, a banda surge com a abertura de um portal prateado com escadas para o céu.

O público vibrava ao som de “Hold Up”, trajado com chapéu de caubói e looks brilhantes, com diversas bandeiras do Brasil entre a multidão mais próxima ao palco. Em seguida, Beyoncé emendou “River Deep, Mountain High”, em homenagem a Tina Turner, grande inspiração para a artista. “Te amamos, Tina”, disse enquanto olhava para o céu.

Ao fim do primeiro ato, uma vinheta no telão mostrava o corpo de Beyoncé se transformando num robô. Tudo está prestes a mudar. O público é convidado a entrar por um túnel entre as pernas desse novo ser.

Durante “I’m That Girl”, Beyoncé aparece com uma armadura prateada futurista da Mugler, da qual vai se despindo de maneira sincronizada aos beats da música. Dez dançarinas então se juntam para mostrar que a nova era é um grande baile metalizado.

“Cozy” vem em seguida para comoção do público, enquanto a diva se aconchega em uma cama vertical. Do alto de seu conforto, Beyoncé passa o show inteiro provocando o público com samples ou bases de hits antigos que não chegam a ser executados totalmente, como a base de “Sweet Dreams”ao fundo de “Alien Superstar”. Com um trecho de “Lift Off”, o show decola de vez, inclusive com a imagem de um foguete no telão. Estamos enfim no mundo fantástico da superestrela alienígena.

Com “Break My Soul”, é possível ver um recorde de celulares dentre o público. Divas pop vivem um momento inédito. Esta é a primeira vez em que turnês mundiais como a dela e de Taylor Swift acontecessem na era em que o TikTok impera.

É como se os shows acontecessem em duas instâncias, ao vivo e online, com muitas pessoas fazendo lives e posts durante os eventos. Enquanto alguns silenciam hashtags para evitar spoilers, outros mergulham em cada nuance, especulando até que ela teria realizado uma cirurgia no pé —e por isso não estaria dançando como antes.

O palco composto por uma tela gigante com um portal no meio não apenas serve de fundo como por diversas vezes interage e se confunde com a diva.

Enquanto fãs imploravam nas redes para que a artista lançasse clipes do álbum, ela sorrateiramente planejava visuais impecáveis para a turnê, com uma infinidade de looks personalizados de estilistas como Mugler, Loewe, Alexander McQueen e Balmain. Os looks são uma atração à parte. Indo desde botas e jaqueta iridescentes de David Koma a trajes da Courrèges e Coperni.

É como se cada vestimenta sintetizasse um manifesto —ao vestir um segundo traje da Mugler com cores e antenas de abelha, Beyoncé assume o papel de abelha rainha da sua “beyhive”, apelido do seu fandom. Em outro traje customizado, Loewe adornou um macacão com cristais e o deixou com uma pegada “camp” ao desenhar mãos estrategicamente posicionadas que parecem abraçar o corpo da cantora.

Assim como na apresentação realizada em Paris, Blue Ivy, filha da cantora, tomou a frente dos dançarinos durante “Black Parade”, enquanto a mãe cantava sobre um tanque vermelho.

Da metade para o final da apresentação, Beyoncé surge com um traje branco para cantar “Church Girl. Ao lado dela, robôs vão baixando da cabeça aos pés enquanto a vestimenta ganha cores e triângulos emulando vitrais de igrejas. Diversos vídeos do momento viralizaram após a primeira apresentação e a Anrealage, grife japonesa responsável pelo look, revelou a tecnologia por trás da magia —luz ultravioleta.

Após um êxtase coletivo durante “Love on Top”, momento em que a cantora conduz o público a cada subida de tom da música, ela segue para a frenética “Crazy in Love”Deitada sobre uma concha, a cantora entoou “Plastic Off the Sofa”, enquanto um globo espelhado sobrevoava o palco.

O final do show ainda conta com uma grande pista de dança com a cantora cantando “Summer Renaissance”enquanto é içada em cima de um enorme cavalo prateado emulando a capa do disco.

Esta é a nona turnê da cantora, a primeira desde 2018, quando pegou a estrada ao lado do marido Jay-Z para apresentar a turnê “On the Run 2”. A turnê mundial, que começou em maio em Estocolmo e já passou por Bruxelas, outras cidades do Reino Unido e Paris, tem datas confirmadas na Europa e Estados Unidos.

Por mais que o fandom brasileiro vibre com rumores de uma possível passagem pelo Brasil, ainda não há nada confirmado. Rumores à parte, fato é que qualquer pessoa que assistir a esse show da Beyoncé corre o risco de se transformar em membro honorário da “beyhive”. Um espetáculo que celebra a cultura queer, house music e a cena disco, como uma ficção científica para transformar seu público.

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