Burros n’água

quando li a cartinha desaforada de Temer, cheia de mimimi, abandonando a presidenta e se jogando nos braços dos golpistas eu pensei: man, esse cabra tá se precipitando.

Enviado por Lelê Teles via Guest Post para o Portal Geledés

imediatamente me lembrei da estória de um sujeito que imaginou ter tirado a sorte grande na Mega Sena.

imantado pelo poder, o pretenso milionário foi logo botando pra quebrar.

desdenhou dos amigos, chamou a esposa de bruxa e a mandou embora, ligou pro chefe e o chamou de bundão e pediu pra ser demitido daquele empreguinho de merda…

imaginando-se rico, tripudiou de todos.

mas o diabo é que Hermenegildo, o infeliz, havia conferido o jogo errado.

na Caixa deram-lhe a vexosa notícia.

cabisbaixo, exangue, rabo entre as pernas, ele voltou pra casa, pra esposa, pros amigos e pro emprego.

mas ninguém o quis de volta.

Hermenegildo cuspiu no prato em que comia.

 

satanás jamais perdoa quem comete tão aviltante felonia.

Temer foi ainda mais infame que o infeliz Hermenegildo.

o dandy enxergou a sorte grande, imaginou ter farejado o bilhete premiado e resolveu tripudiar.

 

mandou publicar n’O Globo uma cartinha pra chefe, parecia estar a demiti-la.

mas como o infeliz Hermenegildo, Temer deu com os burros n’água.

a Suprema Corte tirou-lhe o pirulito da boca.

e o diabo é que este infeliz não pode mais apagar o que escreveu na fatídica carta.

ele mesmo já o sabia, escripta manent. ou seja, o que se escreve uma vez não se apaga jamais.

e veja como são as coisas, diferentemente do infeliz Hermenegildo, Temer agora vai ter que comer no prato em que cuspiu.

se já era um vice puramente decorativo, agora nem fará mais parte da decoração.

vai passar três anos a pão e água.

sugiro-lhe como terapia um mantra, para ser recitado para si mesmo, todas as manhãs, ao espelho, arrumando a gravata:

“quem não nasceu pra ser figurão, há de morrer figurante”.

sorte a nossa.

aquele estranho mordomo do Conde Drácula estava a inventar uma moda nova e perigosa.

afinal essa seria a primeira vez que um cabra tentaria passar do Palácio do Jaburu ao Palácio do Alvorada pulando a cerca.

satanás interferiu e o nosso garboso chofer de trem fantasma ficou enganchado no alambrado, pendurado pelas calças, bunda de fora.

palavra da salvação.

 

** Este artigo é de autoria de colaboradores ou articulistas do PORTAL GELEDÉS e não representa ideias ou opiniões do veículo. Portal Geledés oferece espaço para vozes diversas da esfera pública, garantindo assim a pluralidade do debate na sociedade.

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