Caixa Econômica Federal tira do ar anúncio que retrata Machado de Assis como um homem branco

A Caixa Econômica Federal suspendeu a veiculação de uma campanha publicitária sobre os 150 anos do banco que retrata o escritor Machado de Assis como um homem branco. A decisão veio após protestos na Internet e um pedido formal da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), órgão do governo federal com status de ministério.

O comercial criado pela agência Borghierh/Lowe viaja no tempo para mostrar que até os “imortais” foram correntistas do banco público. O problema é que o ator que representa o fundador da Academia Brasileira de Letras e autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” é branco, sendo que o escritor era mulato.

Na nota oficial em que anuncia a interrupção da propaganda, a Caixa “pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial”.

Nesta segunda-feira, também em comunicado oficial, a Seppir classificou como “uma solução publicitária de todo inadequada” a escolha de um ator branco para interpretar Machado, por “por contribuir para a invisibilização dos afro-brasileiros, distorcendo evidências pessoais e coletivas relevantes para a compreensão da personalidade literária de Machado de Assis, de sua obra e seu contexto histórico”.

Além de pedir a suspensão do anúncio, a Seppir encaminhou pedidos de providencias ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e o Ministério Público Federal.

Leia abaixo a íntegra do comunicado da Caixa:

A Caixa Econômica F ederal informa que suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.

A CAIXA reafirma que, nos seus 150 anos de existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) do Governo Federal.

A CAIXA nasceu coma missão de ser o banco de todos, e jamais fez distinção entre pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou qualquer outra diferença social ou racial.

Seguem três comentários no Facebook a respeito do assunto:

Jussara Pimenta: O “Branco do Cosme Velho” seria mais apropriado para esse absurdo. Será que cometeriam o “engano” de retratar um “imortal” branco sendo representado por um ator negro? Claro que não.O “branqueamento” do imortal do Cosme Velho não foi um descuido como a princípio se quer fazer acreditar.

José Roberto Bonifácio: Realmente havia algo estranho naquela peça publicitária e é notório que um Machado mulato ofende as suscetibilidades da classe média carioca e brasileira ainda não habituada à mudança e à mobilidade sociais.

Francisco Dourado: faz tempo que querem branquiar o Machado

+ sobre o tema

Romário começa a coletar assinaturas para CPI sobre CBF

Principal ponto da investigação será um patrocínio de R$...

Luedji Luna anuncia primeira turnê internacional e lança EP Mundo

A cantora Luedji Luna quer ganhar o mundo. E...

para lembrar

Prepare suas malas! Universidade canadense oferece curso sobre Beyoncé

Já pensou se a diva Beyoncé fosse assunto de seus...

A africanidade e o espírito libertário de Alzira, vivos em nós!

A narrativa do romance de estreia de Goli Guerreiro,...

Máscaras masculinas de Ọrọ Ęfę – Gelede

As máscaras masculinas e seus portadores, que cantam, são...

Cantor Xande anuncia saída do Grupo Revelação para lançar carreira solo

    O vocalista do Grupo Revelação, Xande de Pilares, anunciou oficialmente...
spot_imgspot_img

Mocidade Unida da Mooca irá homenagear Instituto Geledés e força das mulheres negras do Brasil

A Mocidade Unida da Mooca é a segunda escola do Grupo Especial a divulgar o seu tema para o Carnaval 2026. Com o título...

“Pretinha”: curta-metragem afrofuturista reflete sobre masculinidade negra e cura na periferia

O cinema negro brasileiro ganha um novo fôlego com Pretinha, curta-metragem dirigido por Fellipe Paixão. Ambientado em uma escola comunitária afrocentrada na periferia, o filme...

Você já foi à Pequena África?

Você já foi à Pequena África? Não? Então vá! Às vésperas dos 137 anos da abolição da escravatura (em 13 de maio de 1888), tomo a liberdade de...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.