Caso Marielle: PF vai investigar se agentes públicos atuam para impedir resolução do crime

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou nesta quinta-feira (1º) que a Polícia Federal vai entrar no caso Marielle para apurar denúncias de que uma organização criminosa estaria atuando para obstruir a investigação e impedir a resolução do crime.

A vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSol) e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados a tiros em 14 de março deste ano, na capital fluminense.

De acordo com o ministro, a suspeita é que façam parte dessa organização criminosa agentes públicos envolvidos na investigação do caso, milicianos e o crime organizado.

“São denúncias extremamente graves, que falam de uma organização criminosa para impedir, obstruir e desviar a elucidação dos homicídios”, disse Jungmann em entrevista coletiva, em Brasília.

A investigação dos assassinatos está hoje sob responsabilidade do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O ministro, no entanto, não revelou a que instituições pertencem os agentes públicos que serão investigados.

A abertura do inquérito que será delegado à PF foi um pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, a partir de dois depoimentos colhidos recentemente — um deles há cerca de um mês e o outro há aproximadamente 15 dias. Segundo Jungmann, a partir de agora serão duas investigações em paralelo.

“Estamos criando outro eixo, que vai investigar aqueles que estão dentro da máquina pública ou dentro do crime organizado”, disse Jungmann, que considera a Polícia Federal “uma das melhores polícias investigativas do mundo”.

“Evidentemente a PF vai procurar a colaboração do Ministério Público Estadual e daqueles agentes públicos que julgar conveniente. Se essa investigação levar luz sobre quem matou Marielle e Anderson, é uma possibilidade, mas não é esse o objeto”, completou.

O ministro ainda lembrou que o crime completará 8 meses nos próximos dias.

“O que nos preocupa até aqui, passado todo esse tempo, é que não há um claro encaminhamento, uma resolutividade (…) Estamos diante de um crime que, sem sombra de dúvida, fere a democracia, os direitos humanos e a própria representação popular.”

+ sobre o tema

Estudo diz que muitos homofóbicos são homossexuais enrustidos

O Departamento de Psicologia da Universidade da Georgia (EUA)...

Violência doméstica atinge mais mulheres de 31 à 40 anos, com filhos

Um levantamento feito a partir da análise de 111...

Uma princesa de cabelo black power luta contra o racismo

"Caro Fausto Silva, nosso cabelo não é vassoura. Não...

Leis contra o aborto não impedem disseminação da prática

Um estudo publicado na revista médica The Lancet contraria...

para lembrar

Mulheres enfrentam assédio em transporte público do Rio e SP

Nas últimas duas semanas, dois casos de assédio em transportes públicos...

Ressignificar a nossa história

A atuação do movimento negro é permanente e histórica, mas a...

Pela 1ª vez, uma mulher negra estampa moeda comemorativa dos EUA

A moeda comemorativa deste ano para o aniversário da...

Os paradoxais desejos punitivos de ativistas e movimentos feministas

A partir das últimas décadas do século XX, com...
spot_imgspot_img

Pesquisa revela como racismo e transfobia afetam população trans negra

Uma pesquisa inovadora do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans), intitulada "Travestilidades Negras", lança, nesta sexta-feira, 7/2, luz sobre as...

Aos 90 anos, Lélia Gonzalez se mantém viva enquanto militante e intelectual

Ainda me lembro do dia em que vi Lélia Gonzalez pela primeira vez. Foi em 1988, na sede do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), órgão...

Legado de Lélia Gonzalez é tema de debates e mostra no CCBB-RJ

A atriz Zezé Motta nunca mais se esqueceu da primeira frase da filósofa e antropóloga Lélia Gonzalez, na aula inaugural de um curso sobre...
-+=