Como é a vida dos africanos que estudam em Itália?

Em entrevista à Voz da América, Jovani Fernandes, estudante de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade de Florença, disse que estudar em Itália não é fácil.

no Voaportugues

“Isso porque é um país onde o nível de racismo é muito alto e, na maioria dos casos, isso dificulta a integração do estudante estrangeiro, nesse caso africano, aqui no território italiano”.

Imagem: Voaportugues

Segundo Fernandes, o estudante africano não tem acesso a muitas coisas, entre elas o trabalho part-time. Ele explica que não há muitas oportunidades e quando há, não são contratados simplesmente por serem negros, ou como os italianos dizem “di colore”.

Fernandes diz que o número de estudantes africanos em Florença está a aumentar, devido à alta qualidade de ensino oferecida pelas universidades italianas. Ele está em Florença há três anos e lembra que antes de sair de Angola pensava que tudo era óptimo em Itália, bem como em Europa, e que dificuldades sequer existiam. Sobre os pontos negativos, especialmente sobre o racismo, Fernandes se perguntava se o preconceito ainda era forte e como era possível ainda ter racismo com tanto desenvolvimento.

Fernandes diz que hoje a sua percepção mudou e que compreende melhor certas atitudes. No entanto, afirma que as atitudes negativas raramente tem justificativa e faz uma análise da sua experiência. Dá também explicações sobre o analfabetismo instrumental.

“Uma boa parte da população italiana raramente faz uma análise profunda de uma notícia engraçada. Eles tendem a ser muito influenciados pela mídia deles. Fazem um julgamento com base no que escutam na tv. Isso cria uma espécie de ódio para com aqueles que não pertencem aos seus grupos, no sentido de que nós não somos italianos. Tem os italianos e eles, principalmente no que se refere aos africanos”.

A Itália recebe muitos refugiados africanos e Fernandes conta que o comportamento dos italianos, em geral, piorou bastante. Ele diz que os ignorantes culpam os imigrantes, principalmente africanos, pelos problemas italianos e pela falta de políticas sociais. Fernandes crítica essa visão, pois a considera uma inverdade, uma falta de lógica, porque a Itália recebe dinheiro da União Europeia para gastar com programas de auxílio a imigrantes.

“Se o teu Governo não consegue investir em uma coisa melhor tu não podes culpar os outros povos. O que os outros povos têm a ver com isso? É uma desculpa para não se responsibilizarem pelos actos deles.”

Oportunidades para estrangeiros

Apesar do racismo e dos diversos desafios que os estudantes africanos enfrentam em Itália, Fernandes comenta as oportunidades que o Governo italiano oferece, e como ele conseguiu a bolsa de estudos.

+ sobre o tema

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...

para lembrar

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...
spot_imgspot_img

Feira do Livro Periférico 2025 acontece no Sesc Consolação com programação gratuita e diversa

A literatura das bordas e favelas toma o centro da cidade. De 03 a 07 de setembro de 2025, o Sesc Consolação recebe a Feira do Livro Periférico,...

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros ou que tenham protagonistas negros é a proposta da OJU-Roda Sesc de Cinemas Negros, que chega...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o Brasil teria abolido a escravidão oito anos antes da Lei Áurea, de 13 de maio de...