Pesquisa da Oxfam aponta que 72% dos brasileiros acreditam que a cor da pele influencia empresas na hora de contratar
por Daiane Costa no O Globo
Aumentou a percepção do brasileiro sobre discriminação por gênero e raça no mercado de trabalho. Pesquisa realizada pela organização internacional Oxfam Brasil, em conjunto com o Instituto Datafolha, mostra que 64% dos entrevistados concordam que “mulheres ganham menos por serem mulheres”, 52% que “negros ganham menos pelo fato de serem negros” e 72% que a cor da pele influencia a decisão de contratação por empresas. O estudo mostra ainda, que para 94% dos brasileiros, a receita de impostos deveria ser destinada aos pobres.
Na pesquisa anterior, realizada em 2017, 57% dos brasileiros viam discriminação no mercado de trabalho por gênero e 46% viam diferenciação por raça. A edição atual da pesquisa foi realizada com 2.086 pessoas de 130 cidades nas cinco regiões brasileiras. O período da aplicação das entrevistas foi de 12 a 18 de fevereiro de 2019.
Os dados mais recentes do IBGE mostram que, no Brasil, as mulheres ganham, em média, 20,5% menos que os homens e a renda dos brancos é 76% maior que a dos negros.
Com relação à questão de gênero, como esperado, a concordância entre as mulheres sobre a afirmação que ganham menos no mercado de trabalho por serem mulheres é maior do que aquela observada entre homens: 69% delas concordam contra 58% deles. O mesmo ocorre entre negros e brancos. Entre as pessoas que se autodeclaram pardas, 52% acreditam que negros ganham menos por serem negros, o número sobe para 57% para os autodeclarados pretos, contra 50% de autodeclarados brancos.
“Trata-se de diferença relevante, que marca o contraste da maior percepção de quem mais sofre com o racismo. Ainda assim, entre brancos é predominante o grupo daqueles que responderam concordar com a existência de racismo no mercado de trabalho em relação àqueles que discordam”, diz o documento.
Com relação à cor da pele, a pesquisa mostra que o brasileiro também concorda que ela define as chances de abordagem policial, afeta o tratamento dado pela Justiça e dificulta a vida de quem é pobre.
No documento, a organização internacional diz que, “na questão racial, há desafios monumentais de inclusão educacional, de cotas em universidades, empresas e serviço público e de combate ao racismo institucional”.
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