Destaque do rap e hip hop nacional, Karol Conka fala sobre feminismo, moda e música

“Do gueto ao luxo eu vou, dá um aloha ai pra mim, quero ver o que tá por vir”. Mais ou menos como na letra de Gueto ao Luxo, Karol Conka transita entre diferentes mundos. Mandando sua mensagem de autoestima feminina em letras divertidas ela bomba das quebradas às festas mais exclusivas e, nesse momento, ultrapassa a fronteira entre cenaalternativa e mainstream. Um dos principais empurrões foi Tombei, música e clipe lançados este ano com produção caprichadíssima e potencial devastador numa pista de dança.

Por Laura Coutinho, do What´s Up

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A curitibana Karoline dos Santos Oliveira, 29 anos, lançou a primeira música na internet, incentivada pelo som dos Racionais MCs. Viu que dava pé e seguiu o caminho de compositora e cantora, sem se abalar pelo preconceito que encontrou num meio ainda bastante masculino. Hoje, a irreverente rapper, que já fez show na Europa e no Japão e foi chamada pelo jornal britânico Guardian de hip hop queen, comemora as vitórias mas está longe de se dar por vencida. Nesse momento, se concentra na produção do segundo disco (o primeiro foi Batuk Freak, de 2013).

Enquadrada no estilo rap/hip hop, ela também transita em outros mundos: já gravou com Luiz Melodia e com o produtor Boss In Drama, além de cultivar uma pegada soul. Por um desses caprichos da vida, Karol, a menina que escutava Racionais e sonhava em ganhar a vida cantando, hoje, frequentemente, abre os shows para os manos mais importantes do rap nacional. É isso que ela e sua banda fazem em Floripa neste final de semana. Com a coluna, Karol falou sobre feminismo, moda e rap.

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Mulheres no rap

Preconceito sempre tem. Eu simplesmente não tive tempo para prestar atenção na parte negativa de ser uma mulher nesse meio ainda muito masculino. Mas existe, tanto que são poucas as meninas no rap porque a maioria tem medo, tem vergonha, ou acha que tem que, para fazer sucesso, sair com vários caras. Mas é preciso ter foco e garra. Pra mim é desafiador e excitante ser destaque em um cenário dominado pelos homens.

Feminismo

As pessoas sempre querem que eu carregue bandeiras, mas na verdade esse é meu jeito. Só fui ter conhecimento do movimento feminista depois que lancei meu disco porque eu realmente vivo muito no meu mundo, sempre focada em fazer música. Mas agora que eu já sei o que realmente é, eu me considero uma feminista sim.

Moda e estilo

Eu gosto de fazer as coisas por mim, eu não curto personal stylist. Só usei no (clipe) Tombei, aí foi necessário. Pra usar personal stylist para fazer show, por exemplo, é deixar metade da minha identidade pra outra pessoa. Não tem pessoal melhor, por mais estudo que tenha, para passar a minha personalidade do que eu. Moda pra mim é personalidade. Você é o que você veste, seu cartão de visita é a aparência. Acho que como artista o melhor é fazer por mim mesma. Meu cabelo eu mesma faço, corto, pinto. Gosto de fazer isso de madrugada. Às vezes cago tudo, mas daí uso touca e não tem problema. Ele cresce.

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Ídolos

Nina Simone, adorei o documentário que foi lançado sobre ela (What happened, Miss Simone?). Assim pude conhecer mais da história que normalmente não é passado. Ah, e Rihanna, Beyonce, Nicki Minaj. Daqui eu gosto de Cassia Eller e Tulipa Ruiz.

Sonhos

Atingir o maior número de pessoas possível para passar minha mensagem, uma recado de autoestima. Quero ajudar outra mulheres a poder dar uma entrevista como essa que eu estou dando, na qual possam divulgar o trabalho independente delas.

Tombei

O carinho dos meus fãs por mim é o que me tomba. Me deixa todo amolecida.

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