São tantas coisas na política nacional que é difícil eleger um assunto. Então, vamos à bricolagem. Na atual avalanche, o “quente” é o propinoduto tucano, empacando até trens de última geração e espalhando penas pra todo lado. Sem espantos! Tucanos depenados nada sabem. É esperar os finalmente para o veredito. O procurador geral da República, Roberto Gurgel, indicou a cassação da governadora do Maranhão (Quem viver verá. Ou não!). É um espanto a postura do STF de dois pesos e duas medidas para cassar parlamentares: ora diz que, quando cassa mandato, é procedimento terminativo, ora a finalização cabe ao Congresso Nacional. Não há neurônio que suporte.
Por: Fátima Oliveira
O plebiscito, com seu DNA romano, continua na ordem do dia. Sem ele a reforma política vira miragem, e nós, o povo, continuaremos no sal… Há o Mais Médicos, prenhe de boas intenções e vícios de origem, de diversas ordens e dimensões, em especial a bondade com que Dilma riscou do seu caderno as leis trabalhistas. No Brasil, ninguém em pleno uso de suas faculdades mentais é contra a universalidade do SUS; o resto é firula, futrica e peso na consciência de quem poderia ter feito a coisa certa, mas, por onipotência afrodisíaca do poder, errou a mão! Puro mangue. Política é a arte do diálogo. Vale para entidades médicas e governo.
Em que pese a megalomania monumental do Ministério da Saúde ter chamado para si responsabilidades de municípios e Estados, a gestão da política de saúde, fica a pergunta: “pucardiquê”? Nem às deusas confesso. Cabe citar o bioeticista Daniel Callahan: “Se é fácil compreender que a saúde é um bem precioso e que uma população saudável constitui uma necessidade social e econômica, é difícil encontrar meios para aplicar uma política sanitária eficaz quando os recursos são escassos. Não existem dúvidas de que a saúde é um objetivo desejável, mas nem todo mundo está disposto a pagar para que se outorgue a prioridade devida”. (Salud Mundial, Ano 49, No. 5 set.-out./1996). Releia. Relembre sempre.
Há obrigações constitucionais para as três esferas de governo, e quem acredita em educação popular em saúde levou anos para vincar na consciência do povo, que difusamente introjetou, as competências de cada uma na atenção à saúde. O desserviço está feito, e o novo culpado, eternizado – e não se chama governo, atende pelo nome de médico, que virou bode expiatório e para-raios de governos irresponsáveis. Pero, agora que Inês é morta, é hora de “… Coração atrevido/Pernas de curioso/ Olhos de bem-te-vi/E ouvidos de boi manhoso…” (“Cavalo Bravo”, Renato Teixeira).
Resta a quem teve a profissão vilipendiada aprender a arte de ser Mágico de Oz: atender desejos, sabendo que, “em casa em que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão”. O que implica expor o mundo real da assistência médica para grandes massas populares e a desigualdade na atenção à saúde e reafirmar os referenciais básicos da eticidade dos serviços de saúde: o acesso universal; a compreensão do ser humano como unidade biopsiquicossocial; a equidade, compreendendo que, “se para algumas pessoas uma aspirina resolve suas doenças, outras necessitam de transplantes de órgãos”; e a qualidade da atenção compatível com a dignidade humana, sobretudo denunciando e repudiando como as mulheres são (des)tratadas nos serviços de saúde e como tais serviços (mal)tratam os negros, explicitando, que em qualquer lugar do nosso país, o primeiro exame para dor de barriga e dor de “estambo” ainda é o parasitológico de fezes, e não a endoscopia!