Edson Cardoso, o Jacaré do É o Tchan, se firma como ator dramático

O baiano, que integra o programa ‘Aventuras do Didi’, faz o público chorar com sua atuação na peça ‘A negra felicidade’, em cartaz no Rio.

Por: Luciana Tecidio

Quando Edson Cardoso entra em cena para dar vida a um escravo na peça “A negra felicidade”, em cartaz no Rio, a primeira reação da plateia é cair na risada. O público não acredita que para interpretar um personagem tão denso, o ator escolhido é Jacaré, ex-dançarino do É o Tchan, que há dez anos integra o humorístico “Aventuras do Didi”. Ao dizer seu texto – o processo de uma escrava chamada Felicidade, datado de 1870 -, o riso do público descrente vai embora, e sua atuação provoca lágrimas. Não só no público, mas também no ator.

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“Falo na íntegra o processo dessa negra escrava numa linguagem cartorária antiga. Falamos esse texto para o público como se ele fosse um réu. Começo falando sorridente, mas o texto me machuca muito pelo fato de a negra ter juntado dinheiro para pedir sua carta de alforria. Chego a engasgar nas falas”, conta Edson.

Na peça da companhia Alfândega 88, dirigida por Moacir Chaves, em cartaz no Teatro Serrador, no Centro do Rio, Jacaré faz o público esquecer que dançava “Na boquinha da garrafa” ao lado de Carla Perez, Scheila Carvalho e Sheila Mello. Esse, aliás, é um passado que ele faz questão de eternizar. “O Tchan foi tudo para mim, e é até hoje. Aprendi muito quando estava no grupo. Com o dinheiro que ganhei, comprei casa para o meu pai, um imóvel para mim, consertei a casa da minha mãe e ajudo meus irmãos até hoje. A banda me ensinou que não devemos agradar a todo mundo, temos que fazer aquilo de que gostamos. Mas prestando atenção nas opiniões construtivas”. E até hoje são os hits do grupo que o ajudam a se aquecer antes de entrar em cena.”Coloco o fone de ouvido e só ouço música baiana. A coreografia do É o Tchan movimenta o meu corpo inteiro”.

Muito estudo

Para se sair bem no teatro, Edson se dedicou muito. Baiano de Valença, interior do estado, ele nunca desejou ser ator. Como também nunca pensou em ser dançarino do É o Tchan. “Me formei na Escola Técnica Federal da Bahia, e quando ia começar a estudar Engenharia Elétrica na Universidade Federal da Bahia, me viram dançando num show do Gera Samba (banda que originou o É o Tchan) e me chamaram para dançar no grupo”. Em 2001, assinou contrato para atuar no quadro fixo da “Turma do Didi”, e foi aí que se encantou com a profissão de ator. “Comecei a estudar. Fiz CAL (Centro de Artes de Laranjeiras, no Rio) e faculdade de Interpretação Cênica. Corri atrás e comecei a ser convidado para trabalhos bem legais”, conta.

Casado desde 2006 com a administradora financeira Gabriela Mesquita, Edson procura apaziguar os ciúmes da mulher compartilhando com ela os momentos profissionais. Quando viveu o personagem Fodedor, na peça “Sade em Sodoma”, Jacaré treinou as cenas com Gabriela em casa. “Em uma cena eu era uma máquina de masturbação e treinava com ela, que melhorou muito com seu ciúme. Coloco para ela o que vivencio nas pessoas. Quando beijo em cena, peço para Gabriela analisar se a interpretação está verídica. Quando você joga limpo com a pessoa que ama, a aceitação é menos dolorosa”.

No dia 21 de julho, Edson completará inacreditáveis 40 anos. O segredo da juventude – além da pele negra rica em colágeno – são os 15 quilômetros que percorre pelo Rio em uma bicicleta desmontável que leva na mala do carro. Outro segredo é seguir à risca os conselhos de seu pai, o chefe de almoxarifado Edílson Cardoso. “Quando fui cortado da seleção baiana de vôlei aos 14 anos, ele me disse: ‘Nunca exagere a importância das coisas’. Sigo isso até hoje”.

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Fonte: Ego

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