É com relativa frequência que verificamos nos dias de hoje, diferentemente de um passado recente, sucessivas mostras e lançamentos de produções de cinema independente, onde atrizes, atores, produtores (as) e diretores (as) negros (as) como protagonistas, deram ao mundo audiovisual uma sensação de inclusão democrática, nessa fantástica linguagem conhecida como a sétima das artes.
Micheaux, polêmico, empreendedor nato, ficou conhecido como pioneiro no gênero ao escrever, produzir, roteirizar, dirigir e distribuir “The Homesteader”, em 1919, primeiro longa-metragem afro-americano. A importância desse filme transpôs as telas, tornando-se num fato politico, econômico, social e cultural naquele período.
Para confirmar suas intenções como cineasta independente, recusou o assédio de Jorge P. Johnson, gerente da Lincoln Motion Picture Company,,uma empresa “trustes” de produtores e distribuidores cinematográficos liderada pela Edson Studios, de propriedade de Thomaz Edson, que a partir de 1908 se associaram para controlar por completo da indústria do cinema nos Estados Unidos.
Johnson, queria produzir The Homesteader a todo custo, não porque adorava os afrodescendentes, e sim porque o livro com o mesmo título foi um sucesso literário e ao mesmo tempo inibir iniciativas concorrentes, fora de controle para o setor. Micheaux exigiu condições para as filmagens em Los Angeles: a supervisão total da produção, gravar com oito rolos de filme em vez de três como era de praxe e defendeu a tese da necessidade de abordar nos conteúdos os relacionamentos inter-raciais.
Para Lincoln essas condições eram inaceitáveis, fazendo com que o autor criasse a sua própria produtora, a Micheux Film and Books Company, onde o cineasta fez de tudo e mais um pouco para produzir seus filmes. Vendia ações de sua companhia para investidores da comunidade afro-americana, negociava com os donos dos cinemas parte do material filmado, pedia dinheiro para concluir e posteriormente entregava-os concluídos, e não media esforços para mostrar durantes anos a fio, cidade por cidade, suas obras até desfarelar-se pelo desgaste de exibição.
Patricia Durães,Paola Prandini,Carlos Nascimbeni e Luiz Paulo lima
Outro momento de encontros com a cinematografia na cidade de São Paulo, ocorreu no final de semana passado, onde tive o prazer de mediar as conversas sobre o Filme Mulheres Africanas: a rede invisível, do diretor Carlos Nascimbeni. Evento produzido pela Paola Prandini da Afroeducação com a parceria do Espaço Itaú de Cinema.
Na ocasião, o diretor pode revelar aspectos importantes referentes a produção do filme, assinado pela CineVideo, onde explicou os desafios encontrados ao tratar de temas tabus como as “Áfricas”, pela primeira vez. Mulheres Africanas: a rede invisível, é um filme carregado de sensibilidades antes de tudo.A produção executiva tomou a inciativa correta de escolher produtores locais, onde seus conhecimentos sustentaram com qualidade teórica o roteiro, que segundo o diretor foi construído pari-passo no dia -dia das filmagens.Outro momento de encontros com a cinematografia na cidade de São Paulo, ocorreu no final de semana passado, onde tive o prazer de mediar as conversas sobre o Filme Mulheres Africanas: a rede invisível, do diretor Carlos Nascimbeni. Evento produzido pela Paola Prandini da Afroeducação com a parceria do Espaço Itaú de Cinema.
Diretor Carlos Nascimbeni e o mediador Luiz Paulo Lima
Complementando as personagens ,a liberiana Leymah Gbwee, vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2011, a Tanzaniana Mama Sara Masari, empresária de grande prestígio não só nos seu país, Luiza Diogo Ex- Primeira Ministra de Moçambique e a escritora sul-africana Nadine Gordiner, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 1991.As grandes estrelas do documentário, foram as diferentes mulheres.africanas, que tiveram nas suas trajetórias de vidas, lutas e vitórias para além do recorte de gênero, dignificaram a condição humana como valor maior. Experiências de vidas por cinco mulheres como a moçambicana Graça Machel, além de estar Ministra da Cultura e Desenvolvimento, onde desenvolve seu papel funcional e institucional, atua em projetos sociais ligados a condição vida das mulheres africanas e casada com o eterno Presidente Nelson Mandela.
Fora esses aspectos significativos de conteúdo, o filme traz soluções como linguagem, importantes do ponto de vista da sua construção narrativa. O documentário apresenta pontualmente a figura da narradora, um belo texto muito bem conduzida pela Zezé Motta, nossa grande atriz e ativista afro-brasileira. Outros destaques são os planos e enquadramentos, panorâmicas e silêncios como na música, compondo os aspectos estéticos muitas vezes ausentes e desconsiderados por outros autores nesse gênero cinematográfico.
Para fechar os trabalhos, um convite para assistirem a Mostra Black Brasil com a Curadoria do diretor e produtor JeffersonD, como destaque do 24º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.
Zòzimo Bul Bul por Luiz Paulo Lima
O grande homenageado este ano será Zózimo BulBul. Polêmico, ator,diretor e produtor, que construiu sua biografia pautada na luta pelos direitos civis, através da imagem do negro no teatro e no audiovisual. Imperdível!!!
Fotos: André Diogo
Serviços
Black Brasil, mostra especial em homenagem ao Zózimo Bulbul e seu cinema negro.
Dia 25\08 ás 21hs
Local: Espaço Itaú de cinema (Augusta)
Dia 28\08 às 15hs
Local: Cine Olido
Dia 30\08 às 15hs
Local: Centro Cultural São Paulo
Entrada Gratuita
www.kinoforum.org/curtas
Confira aqui os filmes da programação: http://www.kinoforum.org.br/curtas/2013/programacao-programas-especiais
Curadoria: Jeferson De e colaboração equipe Kinoforum. — with Renata Martins, Leonardo Mecchi,William Hinestrosa, Zoe Olivotto, Beth Sá Freire,Janayna Albino, Ida Feldman, Paloma Moreira, Aline Bertotti and Anne Fryszman.