Durante mais de dois anos, a estudante promoveu oficinas de beleza aliadas a ensinamentos sobre a importância do reconhecimento da beleza da mulher negra.
Do G1

A estudante Edna Monteiro Pinto defendeu o trabalho de pesquisa sobre a beleza da mulher negra, em um quilombo no município de Bragança, nordeste do Pará, na última sexta-feira (15). A apresentação, que foi aprovada pela banca examinadora, era a conclusão do curso de de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Pará (UFPA) pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor).
Com o apoio da Associação Remanescente do Quilombo do América (Arquia), a estudante , que é quilombola, desenvolveu um trabalho para debater o reconhecimento e empoderamento do corpo da mulher negra começando pela cabeça e pelos cabelos.
O título da pesquisa é “Corpo e beleza da mulher negra e quilombola do América: experiência de cuidado, amor e reconhecimento de si”. Durante mais de dois anos, Edna promoveu, juntamente com a Arquia, oficinas de beleza aliadas a ensinamentos sobre a importância no processo de reconhecimento como mulher negra.
Reconhecimento

Para Rosete de Araújo, presidente da Arquia, o trabalho de Edna foi muito importante para a comunidade. “Eu disse a ela quando chegou aqui, ‘se tu conseguir alcançar duas, três, já é uma vitória. Porque antes as mulheres do quilombo alisavam seus cabelos ou andavam com ele presos e hoje elas estão com seus cabelos soltos, com seus cachos ou com panos, lindas”, afirma.
Para a professora Joana Carmem Machado, pesquisadora da UFPA, a defesa ter sido realizada no quilombo mostra respeito pelos quilombolas.
“O trabalho de Edna é um olhar que se volta em direção à experiência de ser-se negra numa sociedade branca, pois aponta os processos pelos quais mulheres negras denunciam a violência a que são submetidas. A violência com que seus corpos, que são mutilados pela ideologia do embranquecimento e retomam o lugar de fala, os protagonismos dos seus corpos que se constituem em um discurso emancipador, libertário, autônomo e negro”, avalia.