Exclusivo da Rússia: titular da telinha na Copa, confira o bate-bola com o repórter Abel Neto sobre futebol, racismo e vinhos, sua paixão

Chegou a hora: a bola vai rolar, enfim, na Copa do Mundo. Fã ou não de futebol, todas as atenções do sorocabano e do planeta estarão voltadas, nas próximas quatro semanas, para o Mundial da Rússia. A abertura oficial acontece nesta quinta, 14, e às 12h da quinta-feira, 14, na moderna arena Luzhniki, em Moscou. E a exatos 30 dias, 15 de julho, no mesmo horário, a grande final, a qual, dedos cruzados e a torcida de mais 200 milhões de brasileiros, poderá estar a única seleção pentacampeã do mundo disputando o hexacampeonato.

Por Marco Merguizzo, do  Jornal Cruzeiro do Sul

Foto: Abel Neto (Arquivo pessoal)

Pachequismos à parte, o Brasil é, ao lado das temidas Alemanha, França e Espanha – e por que, não? – da tumultuada mas sempre perigosa Argentina de Lionel Messi, um dos grandes favoritos, tendo todas as condições de trazer o caneco uma vez mais e, de quebra, apagar em parte o vexame histórico dos 7 a 1 da última Copa realizada aqui em 2014.

Fora das quatro linhas, um dos titulares absolutos convocados para atuar durante o mais importante campeonato de futebol é o repórter esportivo Abel Neto – também um apaixonado por vinhos – profissional que atuou por mais de duas décadas na Globo de São Paulo e cujo “passe” foi “comprado” recentemente pela Fox, canal de esportes por assinatura do gigante norte-americano Fox International Group, e que contará também na equipe com os ex-jogadores e ex-técnicos da seleção brasileira, Roberto Falcão e Vanderlei Luxemburgo, como comentaristas da emissora.

Com uma coleção de eventos esportivos nacionais e internacionais no currículo, Abel é um dos profissionais mais conhecidos e respeitados da tevê brasileira para quem ama futebol. Escalado para “jogar” a sua quarta Copa do Mundo (antes, já havia atuado como repórter de campo nos mundiais da Alemanha (2006), África do Sul (2010), e Brasil (2014) – o craque da telinha e do microfone, com duas décadas de carreira trilhadas exclusivamente no esporte, participou das coberturas dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008; das Copas América de Futebol na Venezuela, em 2007, e na Argentina, em 2011; além dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, e de várias edições da Copa Libertadores da América e campeonatos Brasileiro e Paulista, nas últimas três décadas.

Natural de Santos, classe de 1970, Abel Neto é o segundo de quatro filhos de Abel Verônico da Silva Filho, ponta-esquerda do Peixe famoso pelos dribles desconcertantes, que formou na segunda metade dos anos 60, ao lado da dupla Pelé e Coutinho, um dos ataques mais demolidores do time da Baixada santista. “Se sou bom jogador? Acho que sou um excelente repórter, além de um apaixonado (e curioso) apreciador de vinhos”, diz divertindo-se o sempre sorridente jornalista, que antes de virar repórter de TV foi professor de inglês em escolas e cursinhos pré-vestibulares.

A dois dias da abertura da Copa do Mundo, ele conversou com exclusividade com o blogue 1gole, 1garfada, 1viagem, direto de Sóchi, na Rússia, onde está concentrada a Seleção Brasileira antes da sua estréia no domingo contra a Suíça, por meio de WhatsApp, para falar sobre a cobertura jornalística e as expectativas sobre o Mundial. E ainda sobre outros temas como racismo e uma de suas maiores paixões – o vinho. Confira, a seguir, os melhores momentos deste saboroso bate-bola.

Antes de ser repórter de TV, você foi professor de inglês em Santos, onde nasceu, e era mais conhecido por ser filho de um famoso ponta-esquerda do Peixe dos anos 60. Em algum momento você quis seguir os passos do seu pai e ser jogador também?

Sim, como todo garoto, também pensava em ser jogador. Adorava jogar bola! Jogava na rua e também na praia. Jogava até que bem, mas num campo, no onze contra onze, é diferente, e aí nunca fui bom jogador. E como futebol não é genético, você sabe como é… (sorri). A falta de talento atrapalhou meus planos… (ri alto)

O fato de ter sido filho de um jogador de futebol foi decisivo para você ter se decidido pelo jornalismo esportivo ou nada a ver?

Sim, tem tudo a ver, pois desde pequeno tinha um super interesse não só em futebol mas em todo tipo de esporte. Aprendi a ler em casa com meu pai aos 6 anos, quando ele defendia à época o Atlas de Guadalajara e a gente morava no México. Lembro que ter pedido a ele me ensinar porque eu queria ler o caderno de esportes do jornal. Desde esse tempo já gostava muito de futebol e tinha curiosidade de ler as notícias. É claro que o fato de o meu pai ter sido jogador de futebol me influenciou demais. Para resumir a história: o interesse pela leitura de jornais quando eu era ainda muito novo, foi decisivo na hora de eu escolher o jornalismo como profissão.

Foto: Rodrigo Takeshi

 

E quando que você deu o pontapé inicial na carreira? Também foi na TV? 

Não, comecei em jornal. Foi no diário esportivo Lance, em julho de 1997. Ou seja, lá se vão 19 anos de profissão…

E quando começou na Rede Globo?

Em março de 1998. Foi na TV Tribuna de Santos, afiliada da TV Globo na Baixada Santista, trabalhando como repórter esportivo. Fiquei lá até julho de 2000. Foram quase 2 anos e meio. Naquele ano, fui contratado pela Globo de São Paulo na mesma função. Ou seja, somando TV Tribuna e Globo São Paulo, já são 18 anos de jornada.

Como você vê a questão do racismo no esporte e em especial no futebol?

O racismo existe em qualquer área. Infelizmente está aí no dia-dia, na vida das pessoas, nas relações profissionais, em tudo. O esporte faz parte de nossas vidas e o futebol também. Quem é racista é racista em qualquer lugar: em casa, na rua, no trabalho e, claro, em um estádio de futebol. Todo tipo de protesto contra a discriminação é válido, seja dentro ou fora das arenas, ginásios e campos de futebol. Todo atleta, seja famoso ou não, deveria agir com coragem, como o Aranha e o Daniel Alves fizeram e o Ali e os Panteras Negras no passado. O protesto é justo e necessário. E faz as pessoas refletirem, pensarem, discutirem o assunto. Além do mais, racismo é um crime inafiançável e deve ser combatido.

“O RACISMO ESTÁ AÍ NO NOSSO DIA-DIA,
NA VIDA DAS PESSOAS,
NAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS,
INFELIZMENTE, EM TUDO.” 

 

Foto: Rodrigo Takeshi

Mesmo sendo conhecido nacionalmente, você já se sentiu discriminado por ser negro dentro ou fora do Brasil?

Fora do Brasil não, aqui sim – e por várias vezes. Em batidas policiais, por exemplo, e sem nenhum motivo. Numa ocasião, em São Paulo, estava dirigindo com a minha esposa ao lado e de repente uma viatura da PM começou a nos seguir. Entrou na frente do meu carro e aos gritos e com armas apontadas para minha cabeça os policiais mandavam eu descer do carro. Enquanto me revistavam, minha mulher gritava para pararem com aquilo e eu tremia de medo de um deles resolver me matar. Até que um deles perguntou: “Você não é aquele jornalista da TV? “Sou”, respondi. “Ah, tá, pode ir, tá tudo certo”. No final, perguntei a um deles: “Por que tudo isso?”. Mas eu já sabia a resposta.

A sorte é você ser uma pessoa pública, não? 

Sim, outra vez estava passando o carnaval no Rio e caminhava em Ipanema de bermuda e chinelos. Fui até um caixa eletrônico e de repente 3 policiais surgiram gritando “mãos na cabeça”, com metralhadoras apontadas para mim. Quando era pequeno cansei de ser ofendido na rua, na escola com xingamentos do tipo “macaco”, “preto sujo”, “fábrica de piche”… Até hoje isso acontece em estádios de futebol, onde os torcedores me ofendem gritando “macaco” e outros palavrões.

Além do esporte, você é um apreciador de vinhos nas horas vagas. Quando começou essa sua paixão? 

Há exatos 16 anos, quando cheguei em São Paulo para trabalhar na TV Globo. Antes disso, morava em Santos, uma cidade de praia, de clima quente, e preferia, claro, uma cervejinha e chope a um vinho. Em São Paulo, passei a frequentar restaurantes e lojas de importadoras, além de viajar profissionalmente mais vezes ao exterior. Daí em diante o interesse por vinhos só aumentou – e os gastos também (risos)…

E quando e onde começou esse seu interesse pelo vinho? 

Há uns dezoito anos, quando cheguei em São Paulo para trabalhar na TV Globo. Antes disso, morava em Santos, uma cidade de praia, de clima quente, e preferia, claro, uma cervejinha ou chope a um vinho. Em São Paulo, passei a frequentar restaurantes e lojas de importadoras, além de viajar mais vezes ao exterior a trabalho. Daí em diante o interesse por vinhos só aumentou – e os gastos também (risos)…

Em todas essas coberturas e viagens internacionais dava tempo de descobrir novos vinhos e visitar as vinícolas? 

Em coberturas esportivas, não há muito tempo para essas incursões, pois trabalha-se o dia todo. Mas às vezes reservava um tempinho á noite, depois de finalizar a edição das matérias, para tomar uma ou duas taças. Foi assim no Pré-olímpico do Chile, em 2004, na cobertura daquela Seleção dos garotos Robinho e Diego, que acabou não se classificando para as Olimpíadas de Atenas. Comprava os vinhos em um supermercado próximo do local onde estávamos hospedados. Mesmo sendo de supermercado, tanto os vinhos quanto os preços eram muito bons. Agora mesmo encontrei por aqui um vinho produzido na região do Cáucaso que gostei bastante. Um corte de Cabernet Sauvignon com Merlot, muito elegante, bem estruturado e um belíssimo nariz. Certamente, vou levar alguns para casa.

Com que frequência você viaja hoje para conhecer regiões produtoras? 

Muito menos do que eu gostaria. Nos últimos dois anos, conheci outras vinícolas e terroirs do Chile. Também estive recentemente no Uruguai, na região de Canelones, e no Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha.

O que mais o fascina nessas descobertas? 

Tudo que envolve a bebida: desde a qualidade contida na garrafa às histórias que estão por trás dela e os personagens que a cercam. Mas gosto de me informar e de prová-lo antes de me definir pela compra. Sou do tipo que, em vez da internet, prefere ir a uma loja de vinho e pegar a garrafa na mão, olhar o rótulo e se possível degustá-lo. Tudo isso para mim é um grande barato. É como fazer um gol no futebol.

“EM VEZ DE COMPRAR PELA INTERNET,
PREFIRO IR A UMA LOJA E PEGAR A GARRAFA
NA MÃO, OLHAR O RÓTULO E SE POSSÍVEL
DEGUSTÁ-LO. ESSA SENSAÇÃO PARA MIM
É A MESMA DE SE FAZER UM GOL NO FUTEBOL.” 

Em suas escolhas, você costuma seguir a opinião de algum crítico? 

Muito pouco, pois não tomo vinho pelo rótulo ou rankings, pois em geral, as garrafas e os produtores melhor pontuados são muito caros. Vou mesmo pelo meu feeling e gosto pessoais. Prefiro, enfim, fugir dessas listas, já que fora delas há vinhos muito bons e com preços que cabem mais no meu bolso.

E quais são suas preferências na taça? 

– Foto: Rodrigo Takeshi

Desde o começo, minha preferência sempre recaiu sobre os tintos. Em especial de exemplares encorpados e com madeira bem colocada. Podem ser varietais ou de corte de uvas como a Malbec, Tannat, Carménère ou Tempranillo. Porém, minha casta predileta é a Syrah cultivada e vinificada em países do Novo Mundo – mas não me pergunte o porquê. Noto que os vinhos desta cepa oriundos do Chile, África do Sul e Austrália são em geral mais frutados e alcoólicos que os produzidos no Rhône, seu berço original. Além destes, gosto muito de vinho português com todas aquelas castas que só se encontra por lá. Adoro, por exemplo, o Tapada do Fidalgo Reserva e o Quinta da Bacalhôa.

No Brasil, o consumo de vinho há anos patina nos 1,8 litros anuais per capita. Ou seja, se no futebol somos protagonistas, no mundo do vinho ocupamos o posto de lanterninhas no ranking de consumo. O que fazer para o brasileiro tomar uma taça de vinho no dia a dia e não só em ocasiões especiais?

Por ser uma questão cultural, a mudança não ocorrerá de uma hora para outra. Mas esse quadro pode ser revertido com vinhos de qualidade, mais baratos e acessíveis, um trabalho de comunicação bem feito e uma política de desoneração de preços. Mas aí entra a questão dos impostos, absurdamente altos no Brasil.

Um certo esnobismo no ritual e na comunicação do vinho também costuma afastar a adesão de novos consumidores. Como craque da informação, como furar essa barreira da linguagem empolada e dar um “chapéu” nos enochatos? 

Como iniciado, eu mesmo tenho dificuldade por vezes em compreender alguns jargões e as “descrições técnicas” dos especialistas. Acredito que isso seja motivo mais do que suficiente para afastar os mais jovens, aproximando-os de outras bebidas como a cerveja, cujo marketing e comunicação são melhor direcionados, pois utilizam uma linguagem mais atual e moderna.

Explique melhor essa questão…

Se preciso fazer uma matéria para o Jornal Nacional sobre o “toco” no basquete (jogada em que o atleta intercepta a bola quando ela sai da mão do adversário em direção à cesta) ou a linha do impedimento no futebol, devo explicar isso para todas as pessoas, incluindo a minha avó, que não sabe – e não tem nenhuma obrigação de saber! – desses detalhes. Creio que esse mesmo didatismo deve ser aplicado à comunicação do vinho.

Na Europa, há muitos clubes e mesmo seleções que servem uma taça de vinho durante as refeições dos jogadores. Você acha que isso daria certo no futebol brasileiro? 

Em geral, o jogador europeu, e mesmo o brasileiro que atua no futebol do Velho Continente, é obrigado a ser extremamente profissional dentro e fora do campo. Se o boleiro aqui fizer o mesmo, não vejo problemas, já que uma tacinha durante a refeição não deixa ninguém bêbado e faz mal nenhum. Ao contrário: faz muito bem, de acordo com os médicos.

E há algum jogador que é bom de bola e de taça? 

Muito boleiro brasileiro que vai ou já foi jogar na Europa começa a se interessar e mesmo a beber vinho, seja pela mudança de clima, região ou cultura locais. Foi o caso dos ex-jogadores Ronaldo (o Fenômeno) e Vampeta, ambos da Seleção campeã de 2002, e do técnico Vanderlei Luxemburgo, que treinou o Real Madrid, em 2004. O Luis Fabiano (ex-São Paulo, Sevilla e Vasco da Gama), que foi o camisa nove da Seleção na África do Sul, um dia me disse que havia experimentado o Vega Sicilia (um vinho icônico), quando jogava na Espanha e tinha gostado muito. O salário dele no Sevilla, claro, permitia que desfrutasse não de uma, mas de várias garrafas (risos).

“NUMA TAÇA, SE MESSI E
NEYMAR FOSSEM VINHOS, O CRAQUE
ARGENTINO SERIA UM MALBEC
CLASSUDO E NEYMAR, UM CHAMPANHE
CUVÉE DOM PÉRIGNON.” 

 

No campo a genialidade de Lionel Messi; na taça a mesma ousadia e o apuro técnico de um Malbec Catena Zapata – Arquivo

Se fosse comparar as principais estrelas que vão participar deste Mundial com o estilo dos vinhos, como definiria o Messi, o Cristiano Ronaldo e o Neymar? 

O Messi e o Neymar personificam ousadia e técnica apurada. O argentino seria um Malbec Catena Zapata de safra espetacular ou um vinho da Patagônia argentina de corte inusitado e incomum. Já o Neymar, já que ele está no PSG, poderia ser um champagne cuvée topo de gama, de paladar surpreendente e instigante, tipo um Dom Pérignon. Já Cristiano Ronaldo, de Portugal, seria muito bem retratado por um Pêra Manca ou Quinta da Bacalhôa de um grande ano.

Para fechar este nosso bate-bola: a dois dias da abertura, quais os países favoritos na sua opinião para conquistar o título? E se o Brasil conquistar de fato o hexa, na final, que acontece no dia 15 de julho, qual o vinho da sua adega que você vai abrir para comemorar? 

Meus favoritos são: Brasil, Espanha e França. Já a decisão dos meus sonhos – e da maioria dos brasileiros – seria Brasil e Argentina mas os hermanos não estão num momento bom, dentro e fora do vestiário, embora tenham o Messi, um cara que desequilibra. Mas se acontecesse essa final improvável abriria um Bramare Malbec, da Viña Cobos. E caso for a Alemanha, exorcizaríamos um pouco o fatídico 7 a 1. Daí abriria um ótimo tinto brasileiro, claro: um Almaúnica ou um Miolo Terroir, ambos produzidos na Serra Gaúcha. Vai, Brasil!

 

(*) Marco Merguizzo é jornalista profissional especializado em gastronomia, vinhos, turismo e estilo de vida. Confira outras novidades no Instagram (@blog 1gole1garfada1viagem) ou clique aqui e vá direto para a página do blog no Facebook.

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