Nate Parker usou mesmo nome do clássico ‘The birth of a Nation’, de D.W. Griffith
no O Globo
Em 1915, D.W. Griffith lançou o clássico do cinema mudo “O nascimento de uma Nação”, que se tornaria um dos filmes mais controversos de todos os tempos por seu retrato estereotipado dos negros do Sul dos EUA e visão heróica da Ku Klux Klan. Um século depois, outro filme com o mesmo nome, mas uma história bem diferente, foi aplaudido de pé em sua premiére no Festival Sundance.
O “Birth of a Naiton” de 2016 traz Nate Parker como roteirista, diretor e protagonista da história de Nat Turner, que liderou uma rebelião de escravos em 1831 na Virgínia. Segundo a “Variety“, o filme recebeu os mais entuasiasmados aplausos até agora nesta edição de Sundance.
“Fiz esse filme por um motivo: criar agentes de transformação”, disse Parker numa entrevista coletiva após a exibição do filme. “Há sistemas hoje em dia que são corruptos, com pessoas corruptas, e o legado disso influencia nossas vidas.”
O filme surge, é claro, num momento em que a questão racial ganhou espaço em Hollywood, em meio aos protestos pela falta de atores negros entre os indicados ao Oscar pelo segundo ano seguido.
Parker disse que vem trabalhando no roteiro há sete anos. Numa entrevista em 2014 ele já citava o projeto, confirmando o tom irônico na escolha do título. Na coletiva em Sundance, ele falou sobre as dificuldades de levar o projeto a frente.
“Sempre que lidamos com nossa história, especialmente a escravidão, eu acho desesperadamente higienizada. Há uma resistência em lidar com esse material”, questiona ele, afirmando que alguns investidores chegaram a dizer que “não havia público para essa história” e que “as pessoas fora do país não querem ver gente de cor”.
Segundo o site “The Wrap”, a Fox Searchlight já estaria pronta para fazer uma oferta pela distribuição internacional do filme. Confirmado o negócio, seria um primeiro grande impulso na disputa do Oscar em 2017. A Fox Searchlight lançou, afinal de contas, “12 anos de escravidão” em 2013.