Governo dos EUA investiga morte de afro-americano por tiros da polícia

Vídeo mostra a violência policial contra Alton Sterling ao ser detido por dois agentes

Por NICOLÁS ALONSO, do El Pais 

Dois uniformes pretos e uma camiseta roxa. Dois policiais brancos e um homem negro. São as figuras que aparecem no mais recente vídeo a sacudir os Estados Unidos com as imagens de um afro-americano morto ao ser detido pela polícia. A gravação, de menos de um minuto, mostra como os agentes usam a força contra Alton Sterling, um homem negro de 37 anos que vendia CDs na porta de um supermercado na madrugada de terça para quarta-feira. O vídeo foi gravado por uma testemunha que se encontrava dentro de um carro no estacionamento.

Nas imagens se observa como os dois policiais avançam contra Sterling e, após usarem a força, o derrubam em frente a um carro cinza, diante da porta da loja Triple S Food Mart. Com Sterling no chão, um dos agentes apoia seu joelho contra o ombro do suspeito, saca sua pistola e aponta para Sterling. Nesse momento, a câmera vira para o interior do veículo. Ouve-se vários disparos e um “meu Deus, meus Deus”. Um homem sussurra e pergunta: “Ele atirou?”. Entre soluços, uma mulher responde: “Sim”.

Segundo afirmou o dono da loja, Abdullah Muflahi, Sterling tinha uma pistola em seu bolso, mas não a sacou nem mostrou resistência ante as ordens dos policiais. Após o ocorrido, a polícia recolheu as câmeras da loja. “Isso poderia ter sido resolvido de outra maneira”, disse Muflahi. “Os policiais foram muito agressivos desde o princípio”.

Durante a manhã desta quarta-feira, familiares, amigos e representantes da principal organização de defesa dos direitos afro-americanos do país, a NAACP, realizaram protestos pacíficos e concederam entrevistas coletivas cobrando a prisão dos policiais, que foram suspensos do emprego, mas sem perda de salário. “Se o sistema funciona para todos, então esses policiais deve ser presos e julgados, com seus advogados e tudo o que quiserem, mas julgados”, afirmou um representante da NAACP a jornalistas.

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