Grupo usa mitologia dos orixás para criar coreografias e oficinas de dança

Balé das Yabás debate o feminismo e o transforma em dança amanhã, no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, em Santa Teresa

Por Karina Maia Do O Dia

Quem nunca ouviu frases como ‘O mundo é dos homens’ ou ‘Isso não é coisa para mulheres’? Preconceitos do tipo, provavelmente, já foram presenciados por você, sua mãe, sua avó e até pelos orixás. “A mitologia conta sobre a força das yabás (orixás femininas) e como viviam situações semelhantes em seu cotidiano”, compara Sinara Rúbia, uma das idealizadoras do grupo Balé das Yabás, que debate o tema e o transforma em dança amanhã, às 15h, no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, em Santa Teresa.

As inspirações  para as coreografias partem de histórias como a de Oxum. Deusa da Fertilidade do candomblé, ela teve sua presença aceita em reuniões exclusivamente masculinas após demonstrar como seus poderes são imprescindíveis a todos.

Sinara conta que todos os orixás vieram à Terra quando ela foi criada. Mas somente os homens se reuniam para tomar decisões. Magoada, Oxum condenou todos à esterilidade, até que a convidassem junto a todas as outras mulheres para participar dos encontros.

“Esse conto mostra a importância das figuras femininas na política e na sociedade”, compara ela, que media os encontros mensais e gratuitos. Quem decide participar passa sempre por três etapas: um breve estudo, um debate e uma ação criada para a oficina de dança.

“Não é uma simples oficina de dança afro. Há todo um envolvimento até o momento que dançamos”, ressalta Sinara, criadora do projeto junto a Ludmilla Almeida e Flavia Vieira.

“Homens, mulheres e crianças aparecem sempre. Mas a maior parte do público são as mulheres negras”, diz Sinara, que justifica: “Todas nós sofremos com o machismo. Mas as mulheres negras têm a questão do racismo aliado a isso — o que dificulta a coisa em todos os níveis.”

Talvez, por isso, as yabás tenham sido eleitas as musas inspiradoras das oficinas. E embora tais histórias partam da mitologia do candomblé, Sinara diz que os encontros não têm cunho religioso. “Fazemos um recorte étnico e de gênero”, define a mediadora.

“Trabalhamos com a questão das mulheres, principalmente das negras. Mas todos são bem-vindos. Afinal, é importante que diferentes pessoas discutam sobre o papel que representamos na sociedade ao longo dos tempos e nossas demandas”, conclui.

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