Imagens da resistência

A realidade dos quilombolas no país nas fotografias de André Cypriano

André Cypriano foi literalmente até o Cafundó para captar imagens de resistência dos quilombolas. A comunidade localizada em Sorocaba foi uma das 11 que o documentarista visitou para fotografar a silenciosa luta dos negros. O resultado do trabalho poderá ser visto, a partir no hoje, na exposição Quilombolas – Tradições e Cultura da Resistência , no Museu da Imagem e do Som, em Florianópolis.

André não registrou apenas momentos. Ao longo de sua caminhada, conheceu pessoas, recolheu histórias e se sensibilizou com a rotina tranquila dos quilombolas, onde o tempo parece que anda num outro ritmo e o passado se faz presente. Entre tantos, os quilombolas enfrentam o desafio de preservar o que resta da sua cultura. Os jovens estão rumando para a cidade em busca de trabalho, renda, melhor sorte do que a dos pais.

Na comunidade de Oriximaná (PA), por exemplo, não existe energia elétrica e os hábitos são singelos. Sem televisão, as mulheres se divertem com jogos e seculares cantigas de roda. Os homens quase centenários até se comunicam em português, mas entre eles só vale o banto, língua praticamente extinta na África. No olhar, o reflexo dos antepassados que aprisiona o sofrimento dos escravos, arrancados de suas terras.

As imagens que compõem a exposição foram feitas em negativo convencional preto-e-branco, tratado digitalmente. Mais do que um trabalho artístico, a mostra pretende divulgar a realidade das comunidades quilombolas brasileiras e incentivar o diálogo entre os afrodescendentes do país, dando visibilidade e enfatizando as questões sociais, culturais, reconhecimento e participação social.

A exposição tem o patrocínio da Petrobras com recursos da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. É composta por 27 fotografias em preto-e-branco, no formato 50cm x 75cm; sete fotografias panorâmicas em 40cm x 110cm, seis fotografias preto-e-branco 30cm x 40cm, dois mapas, cinco painéis de textos e legendas.

A mostra começou em 2006 e foi concebida inicialmente para poucas cidades. No entanto, devido ao interesse de público e órgãos institucionais de cultura, já circulou por 15 cidades brasileiras e seis cidades da América Latina (Assunção, Buenos Aires, Montevidéu, La Paz, Lima e Bogotá). Nesta nova fase, estão programadas 15 exposições no Brasil.

A curadoria da exposição é de Denise Carvalho. O material original faz parte do livro Quilombolas – Tradições e Cultura da Resistência, com fotos de André Cypriano e pesquisa de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos.

menino_de_orixamana_para

cartaz_mostra_quilombolas

 

Fonte: Diário Catarinense

+ sobre o tema

Governo, organizações e quilombolas se unem em defesa do Decreto n°4887/2003

Por Daiane Souza Quilombolas, órgãos públicos e instituições de todo...

Quilombolas deixam sede do Incra após passarem noite no local

Órgão se comprometeu a retomar diálogo sobre desapropriações no...

Seminário Educação 2011 marca o Ano Internacional do Afrodescendente

Evento com quase 3 mil inscritos vai até quarta-feira...

Consciência Negra programação Mato Grosso do Sul 2011

05/11 Feira da Agricultura Familiar de Furnas dos...

para lembrar

Mama África

Itapecerica - O jornalista Walmir Damasceno assume a Coordenadoria...
spot_imgspot_img

Quilombo de Mãe Bernadete é reconhecido pelo governo federal

A comunidade Pitanga dos Palmares, da líder quilombola Mãe Bernadete, assassinada em agosto do ano passado na Bahia, foi reconhecida e declarada como Comunidade Remanescente de Quilombo pelo...

Quem foi Beatriz Nascimento, pioneira nos estudos sobre quilombos

Beatriz Nascimento é uma das intelectuais mais importantes do Brasil. Historiadora, ela foi pioneira nos estudos sobre as comunidades quilombolas no país. No ano passado,...

Inscrições abertas para compor banco de itens do Saeb

As inscrições para credenciamento de colaboradores interessados em compor o Banco de Colaboradores do Banco Nacional de Itens (BC-BNI) do Sistema de Avaliação da...
-+=