Indignada com o caso de ator preso por engano, Taís Araújo desabafa: ‘Só porque é negro e black power’

 

Para a atriz, Taís Araújo, o fato é ‘apenas mais um’ numa sociedade preconceituosa que acredita que ‘o negro sempre pode oferecer algum risco’

 

Taís Araújo opinou sobre o caso do ator Vinícius Romão de Souza, de 26 anos, que ficou preso por engano por 16 dias, sob a acusação de roubo. Para a atriz, o acontecimento é “apenas mais um” numa sociedade preconceituosa que acredita que “o negro sempre pode oferecer algum risco”. Vinicius trabalhou com o marido de Taís, o ator Lázaro Ramos, na novela “Lado a lado” (2012).

— O Vinícius é a prova do preconceito. De repente ela (a copeira Dalva Moreira da Costa) pode até ter o reconhecido da TV e fez uma acusação leviana. Ele deixou um trabalho, ficou preso por 16 dias injustamente só porque é negro e black power. É um absurdo — critica.

Autor de “Lado a lado”, João Ximenes Braga acompanhou a história pelo noticiário. Apesar de não manter contato com Vinicius, ele acredita que o episódio foi “um caso de racismo muito claro”:

— Acompanhei a história pelo noticiário como qualquer cidadão. E é como cidadão que peço desculpas a ele por nossa sociedade estar falhando sistematicamente com os descendentes de africanos há centenas de anos. Foi um caso de racismo muito claro. O que não quer dizer que a copeira ou os policiais tenham ideologia racista, mas que nossa sociedade se acomodou num patamar de desigualdade no qual a possibilidade de um jovem negro ser assassinado é 3,7 vezes maior que a de um jovem branco.

Fabrício Boliveira, que interpretou o protagonista de “Subúrbia”, reforça o coro e afirma que o assunto é o reflexo de um povo que não aceita a sua própria história.

— Na cabeça da polícia e de grande parte da sociedade, infelizmente, o estereótipo do bandido é o negro. As pessoas precisam enxergar as modificações: vários negros exercem diferentes profissões. Hoje em dia, as pessoas ainda estranham ao verem um negro com um carro grande. Os policiais mesmos já me perguntaram: “O que faz da vida, negão?”. Existe um discurso de que não há racismo, mas um preconceito social, mas existe racismo sim! — opina.

Já Milton Gonçalves lamenta que até hoje os negros sejam tratados como filhos de escravos.

— Quando um homem negro estuda, como o Joaquim Barbosa (presidente do Supremo Tribunal Federal), acham que ele chegou ao congresso porque um paizinho de escravo o colocou lá, não por competência. Em primeiro lugar, o Vinicius teria merecido uma cela especial por ter nível superior e não teve. Será que o policial não percebeu que essa mulher estava confusa no depoimento? Ele foi tratado como um animal e assim que a maioria do Brasil trata o negro — afirma.

Fonte: O Globo

+ sobre o tema

Canadá admite ter sido cúmplice de ‘genocídio racial’ de mulheres indígenas

O Canadá foi cúmplice de um "genocídio racial" contra...

Empregadas Domésticas e o destino Histórico

Lembro-me da minha querida mãe, que se chamava Maria,...

O vírus da liquidez

É tempo de mudanças rápidas e temporárias e quase...

para lembrar

Thalma de Freitas: ‘O racismo está implícito nas atitudes da polícia’

Thalma de Freitas falou sobre ter sido levada para...

Racismo, miscigenação e casamentos interraciais no Brasil

Quando escrevo sobre racismo no Brasil, muitos leitores (em...

Comissão da Udesc Joinville avalia cota para negros

É o terceiro vestibular em que o sistema de...
spot_imgspot_img

‘Redução de homicídios no Brasil não elimina racismo estrutural’, afirma coordenador de Fórum de Segurança

Entre 2013 e 2023, o Brasil teve uma queda de 20,3% no número de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência, produzido pelo Fórum...

‘Não aguentava mais a escola’, diz mãe de aluna internada após racismo

A mãe da aluna de 15 anos que foi encontrada desacordada no Colégio Mackenzie (SP), contou ao UOL que a filha segue internada em um hospital psiquiátrico...

Risco de negro ser vítima de homicídio é 2,7 vezes maior no Brasil

Ser uma pessoa negra no Brasil faz você enfrentar um risco 2,7 vezes maior de ser vítima de homicídio do que uma pessoa não negra. A constatação...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.