A declaração de Tóquio oficial sobre grande pacote de ajuda econômica não deve ter coincidido casualmente com o início da turnê africana do primeiro ministro do conselho de Estado da República Popular da China, Li Keqiang. O programa da viagem do chefe de governo chinês inclui a visita a quatro países – Etiópia, Nigéria, Angola, Quênia. O primeiro-ministro já apresentou o programa na sede da União Africana em Addis-Abeba.
Como Li Keqiang declarou, a China está disposta a compartilhar tecnologia e experiência com os países africanos. A parte chinesa – segundo o primeiro-ministro – irá dar contribuição ainda maior à liquidação da pobreza e ao desenvolvimento da África, estimular as empresas chinesas a participar da construção de obras da infra-estrutura. Prometendo avanço também na esfera humanitária. As autoridades da República Popular da China estão dispostas a fazer todo o possível para ativar a cooperação com os países africanos, no campo da preparação de quadros e esfera científica.
Enquanto Li Keqiang assegurava aos parceiros africanos sobre preclaras perspectivas de cooperação, o ministro das Relações Exteriores do Japão, Fumio Kishida, que também se encontra na África, fez um discurso programático. Ele expôs os enfoques de Tóquio, para a organização das relações com os países africanos, em encontro ministerial em Camarões. O encontro decorreu no âmbito da realização de planos da quinta Conferência Internacional de Tóquio sobre o desenvolvimento da África (TICAD). Sendo que o tom e, o que é mais importante, o conteúdo do discurso de Kishida lembraram em muito o que soou dos lábios do primeiro ministro chinês em outras capitais africanas.
Falando a representantes de mais de 50 países africanos, Fumio Kishida declarou que Tóquio considera a Africa em rápido desenvolvimento como frente de vanguarda de sua diplomacia e irá procurar fortalecer as relações econômicas mutuamente vantajosa, por meio da ampliação do comércio e investimentos. Kishida expressou a esperança de que o desenvolvimento ulterior do setor privado da África com a utilização da ajuda japonesa irá contribuir para o crescimento da economia do continente. Os participantes do encontro debateram o desenvolvimento do comércio e investimentos e também outros pontos chave do plano de ação aprovado na conferência de Yokohama da TICAD no ano passado.
A criação de mecanismo especial da TICAD indica interesses a longo prazo de Tóquio na África, e a ativação dos projetos nesse sentido indica que a competição do Japão e China não se limita à região Asiático-Pacífica.
O agravamento das relações entre Pequim e Tóquio em relação a litígio territorial leva ao aumento da rivalidade geopolítica em outras regiões do mundo, considera o analista-orientalista Valeri Kistanov:
“São injetados na África grandes capitais chineses, para obter acesso a recursos energéticos e de matéria-prima. Aqui, naturalmente, chocam-se os interesses da China e do Japão. O fato de o Japão conceder 300 milhões de dólares é um dos elos de que se desenvolve a luta pela África entre Pequim e Tóquio. Para o Japão a ajuda aos países em desenvolvimento sempre foi não apenas instrumento de promoção dos interesses econômicos, mas também manivela da consecução de objetivos políticos, meio de fortalecimento das posições políticas do Japão no exterior.”
Tóquio não deixa sem atenção também os que o cercam. Há dias o vice-primeiro-ministro do Japão, Taro Aso, na reunião do Banco asiático de desenvolvimento, salientou a disposição do Japão de melhorar a infra-estrutura na Ásia e estimular o crescimento econômico na região.
Um dos resultados não muito divulgados da visita de Barack Obama ao Japão foi o acordo nipo-americano sobre programas conjuntos de ajuda aos países do sudeste asiático, no fortalecimento da segurança marítima. É difícil chamar esta ajuda de puramente econômica, entretanto, como muitos projetos comerciais do Japão na região, ela tem sinais evidentes da crescente rivalidade de Tóquio e Pequim e indica o aumento do aspecto conflitante em suas relações mútuas.
Fonte: Voz da Russia