Em um momento em que o mundo se volta para um atentado terrorista que matou 12 jornalistas na França, nos colocamos a refletir sobre a quantidade de negros mortos em nosso país: são 83 por dia, ou seja, mais de 30 mil mortes*. Não seria esse um terrorismo ainda mais assustador e alarmante?
Por Davison Coutinho Do Jornal do Brasil
Ao mesmo tempo em que condenamos toda a forma de terrorismo e qualquer atentado contra a vida e contra a liberdade de imprensa, precisamos olhar para o nosso país e fazer uma reflexão sobre a violência praticada contra o nosso povo, contra os discriminados, negros, pobres, os invisíveis da nossa sociedade que se escondem por trás dos números, dados e gráficos.
Não vou me deter às mortes apenas de negros. Afinal, morrem brancos, índios, pobres e ricos, além dos de moradores de favelas que são constantemente assassinados, os gays e a violência contra a mulher, onde o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking de países nesse tipo de crime. Quantos morrem em nossas favelas, são estes invisíveis?
O que precisamos refletir, independentemente da condição social e da cor da pele, é que todos os casos vitimas de violência também merecem nossa consciência, respeito e nossos minutos de silêncio, além de todas as considerações, protestos e providências para que não se repitam. A morte de pessoas inocentes é uma barbárie, não importa a nacionalidade, cor da pele, orientação sexual, religião, mas nenhuma morte pode ser ignorada.
Obs.: Dados da Anistia Internacional divulgados em novembro\2014 no estudo sobre o genocídio da população negra no Brasil] / Je Suis 83 negros mortos por dia – postagem do Manifesto POA via facebook.
* Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento. Bacharel em desenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade.